A escola prepara para o mundo real? Este livro traz respostas e ideias para uma possível mudança

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A obra explica que a escola precisa ensinar três habilidades vitais para o século XXI: foco interno para controlar a atenção, foco no outro para fortalecer empatia e colaboração, e foco sistêmico para compreender impactos sociais e ambientais
A educação nasceu para um mundo que já não existe mais. As salas de aula ainda seguem lógicas industriais, enquanto crianças e jovens vivem cercados por telas, estímulos constantes e um cenário social e ambiental bem mais complexo do que o de qualquer geração anterior. O resultado aparece na prática: muita informação, pouca atenção, pouca empatia e quase nenhuma capacidade de lidar com um futuro imprevisível.
É exatamente aí que entra “O foco triplo: Uma nova abordagem para a educação”, de Daniel Goleman e Peter Senge. Os autores defendem que a escola precisa ensinar algo mais profundo do que conteúdos. Ela precisa formar pessoas capazes de dirigir a própria atenção, de se relacionar melhor com os outros e de entender o lugar que ocupam no mundo. Esse é o ponto de partida do livro.
O desafio da atenção em um mundo que nunca silencia
Goleman e Senge partem de uma constatação simples: a maioria dos jovens nunca conheceu um mundo sem internet. Eles crescem em meio a notificações, vídeos curtos, múltiplas abas abertas e conversas paralelas. Isso não é só um hábito digital. É um treinamento involuntário para a distração.
O livro mostra que, sem aprender a focar, o estudante até memoriza, mas não aprofunda. Ele até executa tarefas, mas não desenvolve pensamento crítico. A atenção vira o primeiro pilar da educação do futuro, porque sem ela a aprendizagem perde força e sentido. Ensinar foco não significa combater tecnologia. Significa ensinar o aluno a comandar a própria mente.
O segundo foco: relações humanas que sustentam aprendizado
A obra também aponta um paradoxo: quanto mais conectados digitalmente ficamos, mais frágeis se tornam várias conexões humanas reais. Muitos jovens têm dificuldade de interpretar emoções, escutar de verdade ou colaborar sem competir o tempo todo.
Goleman, referência em inteligência emocional, explica que a educação precisa treinar empatia, autoconsciência e habilidade social. Esses elementos não são “extras” do currículo. Eles definem a qualidade das relações, a estabilidade emocional e a capacidade de atuar em equipe ao longo da vida. Quando a escola fortalece esse foco interpessoal, ela forma indivíduos mais seguros e ambientes mais saudáveis para aprender.
O terceiro foco: consciência do mundo e responsabilidade coletiva
O título “foco triplo” se completa com o olhar sistêmico. Senge, conhecido por trabalhar pensamento sistêmico nas organizações, mostra que jovens precisam entender como tudo se conecta. Economia, sociedade, tecnologia, clima, cultura e escolhas individuais formam um tecido único.
O livro propõe que a escola ajude o aluno a enxergar consequências, interdependências e impactos de longo prazo. Isso cria cidadãos que não só competem por espaço, mas que contribuem para soluções. Em um mundo com desafios ecológicos e sociais inéditos, essa habilidade deixa de ser idealismo e vira necessidade prática.
Por que essa visão muda o papel da educação
No fim, Goleman e Senge reposicionam o que significa educar. A missão vai além de preparar para provas ou mercado. Ela passa a preparar para a vida em um ambiente de distração permanente, relações frágeis e problemas globais complexos.
A proposta do foco triplo é simples de entender e poderosa de aplicar: formar pessoas que dominam a própria atenção, constroem relações melhores e atuam com consciência sistêmica. Isso cria profissionais mais completos e seres humanos mais capazes de prosperar, independentemente de como o mundo evolua.









