A queda de performance raramente é preguiça. É sinal. Ela indica que o sistema emocional do trabalho está pedindo revisão Quase todo mundo já viveu isso: você ainda está entregando, ainda está presente, ainda cumpre prazos. Mas, por dentro, algo mudou. A energia diminuiu, a paciência encurtou, a curiosidade caiu. Não houve um grande colapso. Houve uma erosão silenciosa. E, muitas vezes, essa erosão começa com uma pergunta simples que ninguém quer responder em voz alta: 'para quê eu estou fazendo isso?'. Queda de desempenho sustentado está frequentemente associada a perda de sentido, exaustão emocional e falta de autonomia. Performance não é apenas capacidade técnica. É combustível psicológico. Quando o combustível some, o corpo segue, mas a mente começa a recuar. Quando o trabalho perde sentido, o esforço vira peso A perda de sentido raramente é dramática. Ela aparece como repetição sem aprendizado, metas que parecem arbitrárias, tarefas que não conectam com impacto real, decisões que mudam sem explicação. A pessoa começa a sentir que está apenas respondendo ao sistema, não construindo algo. E isso diminui motivação de um jeito que nem sempre é consciente. Nesse cenário, até pequenas dificuldades viram grandes. Um e-mail atravessado pesa mais. Uma reunião longa irrita mais. Um problema simples parece impossível. Não porque o profissional ficou pior, mas porque está com menos energia emocional para sustentar fricção. A pergunta que ninguém faz em reuniões Empresas adoram perguntar 'qual é o plano?' e 'qual é o resultado?'. Poucas perguntam 'qual é o sentido?'. E sentido não é uma filosofia abstrata. É conexão com impacto. É saber por que aquilo importa, para quem importa e o que muda quando dá certo. Quando essa conexão não existe, a equipe entra em modo sobrevivência. Cumpre tarefas, mas sem narrativa interna. Sem narrativa, o trabalho vira só cobrança. E cobrança contínua, sem significado, é um caminho rápido para a queda de performance. O papel da liderança na manutenção de energia Líderes não criam sentido do zero, mas podem proteger sentido do desgaste. Isso começa por comunicar contexto. Explicar por que uma prioridade mudou, por que uma meta existe, por que uma decisão foi tomada. Contexto não elimina trabalho duro, mas reduz a sensação de arbitrariedade, que é uma das maiores fontes de desmotivação. Também é papel da liderança oferecer autonomia real. Quando as pessoas têm algum controle sobre como executar, elas se sentem mais donas. E senso de dono é um antídoto poderoso contra apatia. Sem autonomia, o time se sente peça de engrenagem, e engrenagem não se engaja, só gira. Como recuperar performance sem virar máquina Recuperar performance começa com uma checagem honesta: o que está drenando energia aqui? É excesso de urgência, falta de clareza, conflito não resolvido, sobrecarga, falta de reconhecimento, ausência de desafio? Nomear a causa muda o jogo, porque tira a queda de performance do campo moral e coloca no campo estratégico. Depois, vem o ajuste possível: reduzir ruído, fechar prioridades, reconstruir acordos, pedir ajuda, renegociar prazos, encontrar um projeto com mais significado, ou simplesmente voltar a enxergar impacto no que se faz. Às vezes, o que falta não é motivação. É recuperação. Sem descanso, qualquer propósito vira frágil. No fim, a queda de performance raramente é preguiça. É sinal. Ela indica que o sistema emocional do trabalho está pedindo revisão. A pergunta 'para quê eu estou fazendo isso?' pode assustar, mas também pode salvar. Porque quando você reencontra sentido, você não vira só mais produtivo. Você volta a ser inteiro.