Para Musk, a Tesla é a única empresa com todos os ingredientes necessários para fabricar robôs inteligentes em escala Durante uma reunião geral transmitida ao vivo, Elon Musk anunciou que a Tesla construirá entre 5.000 e 10.000 robôs humanoides Optimus ainda este ano — e até 50.000 em 2026. Segundo o bilionário, o objetivo é escalar essa produção até atingir 10 milhões de unidades por ano, com a expectativa de que haja demanda suficiente para vender todos. 'Minha previsão é que o Optimus será o maior produto de todos os tempos, de longe. Nada chegará perto', afirmou Musk à equipe da Tesla em uma reunião de 90 minutos. O evento ocorreu em meio a protestos contra a empresa em diversas partes do mundo, mas evitou qualquer menção ao envolvimento político do empresário. Robôs com inteligência e escala industrial Para Musk, a Tesla é a única empresa com todos os ingredientes necessários para fabricar robôs inteligentes em escala: desde a expertise em inteligência artificial real — aplicada inicialmente nos veículos autônomos — até conhecimento em motores elétricos, baterias, eletrônica de potência, design estrutural e excelência em manufatura. Segundo ele, robôs úteis precisam ser inteligentes, obedecer comandos humanos e serem produzidos a preços acessíveis. 'Nosso robô tem um cérebro de verdade', declarou, referindo-se aos avanços em IA que vêm sendo aplicados também no Optimus. A produção inicial de 5.000 unidades foi comparada à de uma legião romana, o que, segundo Musk, pode parecer 'um pensamento um pouco assustador'. A expectativa é de que os primeiros robôs possam ser vendidos a funcionários da Tesla e, a partir do segundo semestre de 2026, liberados para uso fora da empresa. Uma visão utópica — e controversa — do futuro Musk vislumbra um mundo de 'abundância sustentável', em que robôs e energia solar tornariam possível a produção infinita de bens e serviços. 'Todos terão o que quiserem, quando quiserem', declarou. Para isso, ele aposta no casamento entre robótica e fontes de energia limpa. Ele prevê que cada pessoa poderá ter um 'companheiro robô pessoal', capaz de realizar tarefas domésticas, cuidar de crianças e produzir bens. Ao mesmo tempo, admite que a substituição de empregos é uma preocupação legítima. Sua resposta? A função de motorista, por exemplo, poderá ser transformada em gerente de uma frota de carros autônomos. Ainda assim, evitou abordar diretamente o impacto potencial sobre empregos em larga escala. Tentativa de mudar o foco A reunião acontece em meio à crescente pressão sobre a Tesla, impulsionada por protestos contra Musk e atos de vandalismo em concessionárias. Embora os ataques não estejam relacionados aos produtos, mas sim ao papel político do empresário — atualmente à frente do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA (DOGE) —, o assunto foi ignorado no encontro. Apesar das tentativas de Musk de redirecionar a atenção para os produtos da Tesla, o impacto sobre o mercado financeiro foi limitado. As ações da empresa continuam em queda e seguem distantes do pico de US$ 436 alcançado em dezembro. O futuro segundo Musk Se a estratégia de Musk surtirá efeito, ainda é incerto. O que se sabe é que, segundo suas previsões, a próxima grande revolução não virá dos carros elétricos — mas de uma legião de robôs prontos para transformar o trabalho, o consumo e, talvez, a própria sociedade.