Trabalho remoto impulsiona inclusão: participação de pessoas com deficiência no mercado atinge nível histórico A discussão sobre diversidade, equidade e inclusão (DEI) pode ter perdido força em parte das empresas, mas a realidade dos números mostra um avanço surpreendente. Um novo relatório da SHRM (Society for Human Resource Management) revela que a participação de pessoas com deficiência na força de trabalho norte-americana atingiu níveis históricos desde o fim da pandemia de Covid-19 — impulsionada, principalmente, pela consolidação dos modelos híbrido e remoto. Um avanço sem precedentes De acordo com a SHRM, quase 25% das pessoas com deficiência faziam parte da força de trabalho em julho de 2025, representando um aumento de 30% desde o início da pandemia. O principal motivo: a flexibilização das formas de trabalho, que reduziu barreiras tradicionais de acesso. A pesquisa mostra ainda que trabalhadores com deficiência têm maior probabilidade de atuar em regimes totalmente remotos do que profissionais sem deficiência, aproveitando a acessibilidade e a autonomia proporcionadas pela tecnologia. Um recorte etário chama ainda mais atenção: entre jovens de 16 a 24 anos, a participação no mercado de trabalho cresceu quase 60% desde 2020 — o maior salto entre todos os grupos analisados. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Desigualdades ainda persistem Apesar do avanço, a distribuição da inclusão não é homogênea. As taxas são mais baixas em setores como ciências, saúde e tecnologia, e mais altas em áreas como manutenção predial e serviços gerais — onde as barreiras de entrada tendem a ser menores. O relatório aponta que esses números refletem desafios estruturais e educacionais ainda enfrentados por pessoas com deficiência, incluindo maiores taxas de desemprego e menor nível de escolaridade média em comparação com a população sem deficiência. Oportunidade estratégica para empresas A SHRM destaca que o crescimento da participação desse público representa uma oportunidade vital para enfrentar a escassez de talentos. Empresas que adotam políticas de inclusão e modelos flexíveis de trabalho não apenas contribuem para um ambiente mais diverso e competitivo, como também melhoram seus próprios resultados de negócio. Um estudo conduzido pela Accenture, com 140 companhias americanas, mostra que organizações que contratam ativamente pessoas com deficiência registram: 28% mais receita média, 30% maiores margens de lucro, e retenção mais alta, já que esses profissionais tendem a permanecer por mais tempo na empresa. Esses dados reforçam o impacto positivo da inclusão sobre a produtividade, reputação e sustentabilidade corporativa. Desafios que ainda precisam ser enfrentados Mesmo com o avanço numérico, os obstáculos permanecem significativos. Segundo levantamentos citados no relatório, um terço dos profissionais com deficiência relatam algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho. 25% afirmam que o preconceito começou ainda na fase de entrevistas, e 12% enfrentaram dificuldade até para acessar o processo seletivo. Esses dados reforçam a necessidade de treinar gestores e recrutadores, revisar políticas de acessibilidade e garantir que a inclusão aconteça desde o primeiro contato com o candidato. O futuro é híbrido — e mais inclusivo Os números da SHRM indicam algo claro: o modelo híbrido e remoto não é apenas uma tendência de produtividade, mas um motor de inclusão. Oferecer flexibilidade de jornada, acessibilidade digital e benefícios adaptados é mais do que cumprir uma pauta social — é adotar uma estratégia inteligente de gestão de talentos, que amplia o acesso, reduz rotatividade e fortalece a cultura organizacional. Empresas que enxergarem essa transformação de forma estratégica estarão não apenas contribuindo para um mercado mais justo, mas também se posicionando à frente da concorrência em inovação, reputação e resultados.