Nova pesquisa mostra que robôs podem ser mais empáticos que você; entenda o que isso significa para os negócios Durante muito tempo, nos consolamos com uma ideia reconfortante: por mais que a inteligência artificial avance, ela nunca será verdadeiramente humana — nunca sentirá, nunca entenderá emoções, nunca será empática. Mas e se estivermos errados? O cientista cognitivo Marcello Mortillaro, do Centro Suíço de Ciências Afetivas da Universidade de Genebra, conduziu um experimento revelador. Aplicou testes clássicos de inteligência emocional a seis modelos de linguagem, incluindo IA generativa como o ChatGPT — e os resultados surpreenderam: as máquinas foram mais emocionalmente inteligentes que a maioria dos humanos. IA 1 x 0 Humanos (em empatia) Os testes são amplamente usados no meio corporativo e acadêmico: cenários com dilemas emocionais e sociais, com múltiplas respostas possíveis. Um exemplo típico: Seu colega — com quem você se dá muito bem — te conta que será demitido e que você herdará os projetos dele. Durante a conversa, ele começa a chorar. Você tem uma reunião em 10 minutos. O que faz? As alternativas variam de ignorar o colega e ir para a reunião, até ouvir com atenção e oferecer suporte. A maioria das pessoas acerta entre 15% e 60% dos testes. As IAs? Acertaram 82% das respostas. E não, os robôs não sabiam que estavam sendo avaliados em empatia. Apenas receberam o cenário e as opções, como qualquer pessoa. A boa notícia (e o alerta) Para Mortillaro, a descoberta é positiva: isso pode acelerar a criação de novos testes de inteligência emocional para aplicação em humanos, em larga escala. Mas para líderes, gestores e empreendedores, há outra implicação poderosa — e urgente: Se a IA pode simular empatia melhor que você, ela também pode escrever seus roteiros de atendimento, liderar interações com clientes e melhorar sua comunicação. Algumas aplicações práticas:– Otimizar scripts de vendas e SAC com linguagem mais empática.– Avaliar e ajustar comunicações internas e externas para maior impacto emocional.– Criar simulações de atendimento e dilemas humanos para treinar equipes.– Aprimorar pitches, campanhas e discursos com mais clareza emocional. Mas e a autenticidade? É claro que inteligência emocional vai muito além de acertar a melhor resposta em um teste. Empatia real envolve presença, escuta, sensibilidade ao contexto, e vínculo emocional genuíno. E, por enquanto, isso continua sendo território humano. Ainda assim, a pesquisa levanta um ponto desconfortável: Se uma IA pode simular empatia e comunicação melhor do que você, isso já é suficiente para impactar negócios, reputações e relacionamentos profissionais. O desafio agora é duplo Aprender a usar a IA como aliada estratégica no desenvolvimento de soft skills. Redobrar o esforço humano por conexão, presença e autenticidade. Porque sim, a IA pode ajudar a escutar melhor — mas só você pode escutar de verdade. Como alerta Mortillaro: Essas ferramentas são especialmente valiosas para empreendedores e pequenas empresas que não têm grandes equipes ou orçamentos. Elas nivelam o campo. A revolução emocional está em curso. E pode ser liderada por quem souber usar os dados — e o coração.