Criar uma cultura inclusiva significa não apenas promover mulheres a cargos de liderança, mas também garantir que elas possam exercer autoridade sem enfrentar julgamentos Mulheres em cargos de liderança ainda enfrentam pressões e estereótipos que não recaem sobre seus colegas homens, revela um estudo recente da Universidade da Geórgia. Segundo a pesquisa, divulgado pelo site Phys.org, chefes do sexo feminino relatam sentir-se pressionadas a adotar posturas consideradas 'mais dóceis', enquanto seus pares masculinos não enfrentam restrições semelhantes ao assumir comportamentos mais firmes. Os pesquisadores concluíram que normas sociais de gênero continuam moldando as percepções sobre liderança. Em quatro estudos distintos, observaram que, quando mulheres demonstram comportamentos tradicionalmente vistos como 'masculinos', como estabelecer regras rígidas ou cobrar desempenho, tendem a se sentir mais ansiosas e menos eficazes. Por outro lado, quando seguem estereótipos femininos, como a postura acolhedora e conciliadora, são melhor aceitas. Impactos no bem-estar e na carreira A professora Joanna Lin, autora principal e docente da Terry College of Business, explicou que as líderes sofrem com expectativas contraditórias: precisam ser firmes para garantir resultados, mas também enfrentar julgamentos por não corresponderem à imagem de empatia e cuidado associada ao gênero feminino. Esse dilema, segundo ela, gera desgaste emocional e pode levar até mesmo as gestoras mais confiantes a se sentirem esgotadas ou tentarem se retrair. Os homens, por outro lado, não reportaram o mesmo nível de estresse ao desafiar ou seguir estereótipos de gênero, o que evidencia a assimetria de expectativas sociais no ambiente corporativo. Por que as empresas devem se preocupar Ambientes que reforçam essas barreiras correm o risco de perder talentos femininos na liderança e reduzir a diversidade de perspectivas na gestão. Pesquisas anteriores já mostraram que equipes diversas apresentam maior produtividade, inovação e satisfação entre os colaboradores, fatores diretamente ligados ao desempenho financeiro das companhias. O estudo destaca que o apoio dos times pode amenizar esse impacto. Mulheres líderes que recebem respaldo de suas equipes para desafiar estereótipos tendem a se sentir mais confiantes e eficazes, reduzindo o peso emocional imposto pelas normas sociais. Caminhos para mudanças reais Para as organizações, criar uma cultura inclusiva significa não apenas promover mulheres a cargos de liderança, mas também garantir que elas possam exercer autoridade sem enfrentar julgamentos baseados em gênero. Estimular a valorização de decisões assertivas, coibir comentários discriminatórios e reforçar treinamentos de diversidade são passos fundamentais para que o talento e a competência falem mais alto que estereótipos ultrapassados. Empresas que promovem essa transformação não apenas fortalecem suas lideranças femininas, mas também constroem ambientes de trabalho mais justos, inovadores e preparados para os desafios do futuro.