Se tivesse esperado mais alguns anos, Gates acredita que poderia ter perdido a janela de oportunidade Aos 20 anos, Bill Gates enfrentou um dos dilemas mais difíceis de sua vida: continuar seus estudos em Harvard, onde tinha um ambiente intelectual estimulante, ou se dedicar totalmente à Microsoft, a empresa que cofundou com Paul Allen. Embora apaixonado pela vida acadêmica, Gates percebeu que o avanço da tecnologia exigia uma decisão rápida. Quando viu a edição de janeiro de 1975 da revista Popular Electronics, que apresentava o Altair 8800, um dos primeiros computadores pessoais, ele percebeu que o momento de agir havia chegado. 'Fiquei em pânico ao perceber que isso estava acontecendo sem nós', disse Gates. Ele e Allen sabiam que, se não começassem a desenvolver software para esses computadores imediatamente, alguém mais o faria. A hesitação e o inevitável adeus à Harvard Gates tentou equilibrar as duas coisas. Ele passou dois semestres alternando entre Harvard e Albuquerque, onde a Microsoft estava instalada. Tentou até convencer um amigo, Ric Weiland, a assumir a liderança da empresa enquanto ele terminava os estudos. Mas quando Weiland optou por deixar a Microsoft, Gates percebeu que não poderia mais adiar sua decisão. Ele lembra que a ideia de fracasso não o assustava, pois poderia simplesmente voltar para Harvard se a Microsoft não desse certo. Além disso, ele e Allen já tinham algum dinheiro acumulado com projetos anteriores de programação. Mas, para alguém que adorava Harvard e seu ambiente de aprendizado, abandonar a universidade foi um grande sacrifício. 'Eu gostava das aulas, incluindo psicologia, economia e história. Gostava de estar cercado por pessoas inteligentes', diz Gates. Por fim, ele cedeu ao inevitável e nunca mais voltou para terminar o curso. A importância de estar no lugar certo, na hora certa Se tivesse esperado mais alguns anos, Gates acredita que poderia ter perdido a janela de oportunidade. Naquela época, poucos percebiam que o software seria o grande motor da revolução dos computadores. Mesmo nos clubes de informática que frequentava, os entusiastas estavam mais preocupados em descobrir se poderiam jogar videogames nos computadores do que em construir uma indústria de software. A Microsoft, no entanto, tinha uma visão ousada desde o início: 'Um computador em cada mesa e em cada casa'. Gates e Allen acreditavam que poderiam dominar todas as áreas do software, de bancos de dados a planilhas e processadores de texto. Ao mesmo tempo, mantiveram uma gestão financeira conservadora. 'Sempre tínhamos medo de que as pessoas da equipe esperassem muitos recursos e que fôssemos gastar mais do que podíamos', lembra Gates. A opinião de Gates sobre abandonar a faculdade Apesar de seu sucesso como um dos empreendedores mais famosos do mundo, Gates não incentiva ninguém a abandonar os estudos. Ele acredita que o aprendizado acadêmico é valioso e que apenas casos excepcionais justificam a saída precoce da universidade. 'Sou um grande fã de um conhecimento amplo e interdisciplinar. Tive a sorte de poder aplicar praticamente tudo o que aprendi em Harvard no meu trabalho na Microsoft', diz. A lição que ele deixa para os jovens empreendedores é clara: o conhecimento é essencial, mas, se surgir uma oportunidade única e urgente, pode valer a pena correr o risco.