A distância que separa colegas de equipe muitas vezes é tão fina quanto uma parede de cubículo — mas o impacto da solidão pode ser profundo As empresas estão cada vez mais cheias novamente. Segundo dados recentes, a taxa de ocupação dos escritórios nos EUA atingiu em julho o maior nível desde 2019, com cerca de 80% dos trabalhadores de volta às mesas. Mas um paradoxo vem chamando atenção: mesmo cercados de colegas, muitos profissionais dizem se sentir sozinhos. Esse fenômeno preocupa gestores e especialistas. A Câmara de Comércio dos EUA chegou a classificar a solidão no trabalho como um risco direto à performance e ao engajamento. Um novo levantamento mostra por quê: 25% dos entrevistados afirmaram não ter feito um único amigo no emprego atual. Solidão em números A pesquisa, com 2.000 profissionais, revelou que 64% já sentiram solidão no trabalho — e 10% afirmaram experimentar esse isolamento com frequência. Mulheres e profissionais acima de 50 anos aparecem entre os grupos mais afetados. O dado contrasta com a percepção de parte dos trabalhadores: 25% disseram se sentir mais conectados do que antes da pandemia, um sinal de que o retorno ao escritório também pode estimular vínculos. Mas quase metade dos participantes, e 60% dos mais jovens (Geração Z), gostariam de ter relações mais próximas com colegas. Por que os gestores devem se importar A solidão não é apenas um problema emocional: ela custa caro. Um estudo da Cigna estima que o impacto da desconexão entre colegas pode custar às empresas US$ 300 bilhões por ano, em queda de produtividade, aumento de faltas e impactos na saúde dos funcionários. Outro efeito é o turnover. 63% dos entrevistados disseram que amizades no trabalho influenciam diretamente sua decisão de permanecer ou sair de uma empresa. E 71% afirmaram que rejeitariam uma oferta de salário maior se percebessem que a cultura da nova companhia é fria ou isoladora. O que as empresas podem fazer Para enfrentar o problema, especialistas recomendam: Medir e identificar: ferramentas como a Work Loneliness Scale ajudam líderes a mapear funcionários em risco de isolamento. Promover integração real: eventos, mentorias e atividades coletivas podem facilitar vínculos dentro e fora do expediente. Estímulo à escuta ativa: reuniões periódicas com gestores e diálogos sobre expectativas pessoais e profissionais reduzem a sensação de invisibilidade. Cultura inclusiva: ambientes acolhedores e que incentivam interações autênticas tendem a gerar mais engajamento e retenção. Conexão como vantagem competitiva O desafio para gestores é transformar espaços lotados em ambientes de conexão genuína. Afinal, a distância que separa colegas de equipe muitas vezes é tão fina quanto uma parede de cubículo — mas o impacto da solidão pode ser profundo. No fim, empresas que valorizam relações humanas não só retêm talentos como também criam times mais engajados, colaborativos e produtivos.