Líderes que cultivam esperança não apenas enfrentam crises — eles constroem organizações mais resilientes e preparadas para o futuro O futuro do trabalho parece cada vez mais incerto. Uma pesquisa global da consultoria O.C. Tanner, realizada com quase 39 mil funcionários, líderes e profissionais de RH em 23 países, mostra um dado alarmante: apenas 52% dos empregados dizem se sentir esperançosos em relação ao futuro, enquanto 35% relatam sintomas de depressão. Crises econômicas recorrentes, avanços tecnológicos acelerados e um ambiente de disrupção constante estão corroendo a confiança dos trabalhadores. A sensação de desconexão com o trabalho e com as organizações amplia o estresse e a desmotivação — um ciclo perigoso que já afeta produtividade, inovação e retenção de talentos. O papel da esperança na performance A pesquisa aponta que esperança não é otimismo ingênuo, mas uma prática capaz de mobilizar pessoas e organizações. Funcionários que se dizem esperançosos têm sete vezes mais chances de estar engajados e aumentam significativamente as probabilidades de gerar inovação, pertencimento e resultados consistentes. Segundo Mindi Cox, chief people officer da O.C. Tanner, líderes não podem controlar crises globais, mas podem cultivar esperança ao conectar o trabalho a algo maior. 'Ligar tarefas a objetivos pessoais e valores dá sentido ao trabalho. E quando há sentido, há desempenho', afirma. Objetivos inspiradores — relacionados a crescimento, propósito ou valores da empresa — ajudam a tirar o peso da rotina. Já reuniões regulares, sejam individuais ou em equipe, servem para mapear obstáculos, oferecer recursos e reforçar que a trajetória de cada colaborador importa. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Inclusão como antídoto contra o burnout Um dos dados mais contundentes do estudo: funcionários que atuam em equipes não inclusivas têm 513% mais chances de se sentirem em burnout. A exclusão aparece em detalhes que vão de ideias ignoradas até a falta de espaço em decisões estratégicas. A criação de comunidades de apoio é apontada como uma solução direta. Times nos quais líderes e colegas se apoiam mutuamente registram aumento de mais de 250% no engajamento e queda de um terço no risco de exaustão. Pequenos gestos, como pedir opiniões, reconhecer esforços em tempo real ou checar como alguém está, constroem uma cultura de pertencimento. 'Inclusão não é benefício, é oxigênio', resume Cox. Reconhecimento: a faísca que alimenta o futuro Se desesperança e depressão já se tornaram temas de saúde corporativa, o reconhecimento surge como ferramenta central para restaurar o ânimo. De acordo com o estudo, quando a valorização é parte da rotina, os funcionários têm cinco vezes mais chance de se sentirem esperançosos. O mais eficaz não é esperar pelo resultado final, mas celebrar avanços e marcos intermediários, reforçando que o esforço é notado e que há progresso no caminho. 'Não precisa ser formal ou grandioso', explica Cox. 'Reconhecimento consistente e genuíno mostra que as pessoas são vistas, que importam, e que o futuro vale o investimento de energia.' Liderar é cultivar esperança O chamado 'epidemia de desesperança' já é uma realidade corporativa. Mas os líderes têm nas mãos o poder de transformá-la. Estabelecer metas inspiradoras, criar comunidades inclusivas e tornar o reconhecimento parte do cotidiano são práticas simples, mas de alto impacto. Funcionários esperançosos chegam ao trabalho com mais energia, criatividade e lealdade. Empresas que apostam na esperança colhem ganhos sustentáveis de bem-estar, inovação e performance. O recado da pesquisa é claro: líderes que cultivam esperança não apenas enfrentam crises — eles constroem organizações mais resilientes e preparadas para o futuro.