Funcionários priorizam vínculos pessoais no ambiente corporativo, mesmo diante de propostas mais vantajosas financeiramente Casos recentes de escândalos envolvendo relacionamentos inadequados entre líderes e funcionários roubaram os holofotes, mas novas pesquisas revelam outra realidade: amizades platônicas no trabalho são cada vez mais valorizadas e impactam diretamente bem-estar, engajamento e produtividade. Segundo a atualização do estudo Friends at Work 2024, da KPMG, 57% dos entrevistados afirmaram que aceitariam receber 10% menos do que a média de mercado para trabalhar ao lado de amigos. Na mesma proporção, rejeitariam um emprego com 10% a mais de salário caso isso implicasse em não poder formar laços de amizade no escritório. O custo da solidão corporativa Os dados refletem um cenário preocupante: 45% dos trabalhadores afirmam se sentir 'isolados e sozinhos' no trabalho — quase o dobro dos 24% registrados em 2024. Essa solidão impacta não apenas os indivíduos, mas também os resultados das empresas. Estimativas apontam perdas de até US$ 154 bilhões por ano em decorrência de baixa produtividade, falta de engajamento e aumento do turnover. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção A percepção sobre a importância da amizade no ambiente de trabalho cresceu: 87% dos profissionais consideram esses vínculos muito ou extremamente relevantes, contra 81% no ano anterior. Entre os mais jovens, esse índice é ainda maior: 90% da Geração Z contra 77% dos baby boomers. Amizades aumentam produtividade Quase todos os respondentes (98%) disseram ter ao menos um amigo próximo no trabalho, com média de 4,5 colegas nessa condição — o dobro em relação ao levantamento de 2024. Esses laços trazem benefícios claros: 30% afirmaram que a amizade eleva motivação e produtividade; 25% destacaram apoio emocional e novas perspectivas; outros citaram aumento do networking, sensação de pertencimento, combate ao burnout e estímulo à inovação. Mesmo em um cenário de crescente uso de IA, que reduz interações humanas, 86% acreditam que a necessidade de contato com amigos no ambiente profissional tende a crescer. Cultura organizacional como diferencial Para 90% dos entrevistados, trabalhar em empresas que estimulam amizades é um fator decisivo ao avaliar novas oportunidades. Já 87% consideram esse aspecto essencial para decidir permanecer ou não em uma companhia. Sandy Torchia, vice-chair de talento e cultura da KPMG nos EUA, reforça que as lideranças não podem ignorar o tema: 'À medida que as empresas lidam com incertezas econômicas e com a adoção da inteligência artificial, não podemos perder de vista a importância das amizades no trabalho, essenciais para manter equipes saudáveis e engajadas.' Como estimular amizades no trabalho Entre as estratégias sugeridas pelos participantes estão: realizar encontros presenciais e sociais organizados pela empresa; criar espaços comuns que favoreçam interações espontâneas; oferecer almoços de equipe ou atividades de integração; promover programas de mentoria e grupos de interesse compartilhado. Essas práticas ajudam colaboradores a se conhecerem além dos papéis formais, ampliando empatia, confiança e colaboração — fatores que beneficiam tanto os indivíduos quanto o desempenho corporativo.