Segundo reportagem do The Information, a Apple perde mais de US$ 1 bilhão por ano com o Apple TV+ e conta com cerca de 45 milhões de assinantes — número expressivo, mas muito aquém de concorrentes Após seis anos e bilhões de dólares investidos, a plataforma de streaming da Apple, o Apple TV+, ainda luta para justificar sua existência — mesmo com sucessos de crítica como a série “Ruptura”. A produção, elogiada por especialistas e pelo público, tornou-se um raro exemplo de série da Apple com apelo tanto entre os formadores de opinião quanto entre espectadores comuns. Mas, apesar do entusiasmo, os números indicam que o serviço continua sendo um enigma estratégico para a gigante de tecnologia. Segundo reportagem do The Information, a Apple perde mais de US$ 1 bilhão por ano com o Apple TV+ e conta com cerca de 45 milhões de assinantes — número expressivo, mas muito aquém de concorrentes como Netflix e Disney+. Embora a Apple possa bancar tais perdas com facilidade — afinal, obteve quase US$ 100 bilhões de lucro no último ano —, a dúvida persiste: por que continuar investindo tanto em um serviço sem retorno financeiro claro? Objetivo ainda nebuloso A reportagem aponta que nem mesmo os executivos da Apple têm clareza sobre a razão de existir do Apple TV+. Algumas hipóteses ventiladas dentro da empresa incluem fidelizar usuários ao ecossistema Apple ou atrair novos consumidores para seus dispositivos. No entanto, segundo fontes internas, não há dados que comprovem que isso esteja de fato acontecendo. Outra justificativa possível seria diversificar receitas em momentos de desaceleração nas vendas de iPhones. Mas essa estratégia faria mais sentido se o Apple TV+ ao menos se aproximasse do equilíbrio financeiro — o que ainda está longe de ocorrer. Limites no investimento e pressão por resultados Mesmo com sua robustez financeira, a Apple já estaria impondo limites ao orçamento do serviço, especialmente em relação a filmes. O CEO Tim Cook, segundo a reportagem, tem pressionado por contenção de gastos, especialmente após uma sequência de lançamentos com bilheterias abaixo do esperado — ainda que a empresa insista que os resultados tenham sido “lucrativos”. Produções futuras como The Studio, sátira de Hollywood com Seth Rogen, e F1, filme sobre Fórmula 1 estrelado por Brad Pitt, podem ajudar a impulsionar o serviço. Mas analistas e executivos da indústria ainda se mostram céticos. Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, resumiu a perplexidade do setor: 'Eu não entendo, a não ser como uma jogada de marketing. Mas são pessoas muito inteligentes — talvez enxerguem algo que nós não vemos'. Uma aposta cara com retorno incerto O Apple TV+ pode até ter conquistado prestígio artístico, mas ainda falta mostrar viabilidade comercial. Se a empresa não encontrar um caminho mais claro — seja como plataforma de fidelização, vitrine de inovação ou serviço lucrativo —, continuará queimando recursos sem uma justificativa concreta. E isso, mesmo para a Apple, tem prazo de validade.