Automação dos armazéns da Amazon pode gerar uma economia de até US$ 10 bilhões por ano para a empresa A Amazon está investindo bilhões de dólares no desenvolvimento de robôs para tornar seu e-commerce mais eficiente e lucrativo. O que começou há uma década como um experimento acadêmico hoje se tornou uma revolução na automação de armazéns e logística. O marco inicial dessa transformação foi o Amazon Picking Challenge, uma competição universitária lançada em 2015 para estimular o desenvolvimento de robôs capazes de selecionar e embalar produtos — uma tarefa essencial, mas até então dependente de trabalhadores humanos. Agora, dez anos depois, os resultados desse desafio começam a aparecer: a Amazon inaugurou um novo centro de distribuição altamente automatizado na Luisiana, EUA, onde os robôs tornaram o processamento de pedidos 25% mais rápido e eficiente. Como a Amazon apostou na robótica O avanço começou com a aquisição da Kiva Systems em 2012, por US$ 775 milhões. A tecnologia da empresa trouxe robôs móveis que movimentam prateleiras dentro dos armazéns, mas ainda dependiam de humanos para pegar e embalar os produtos. Para resolver essa limitação, a Amazon lançou o Picking Challenge, incentivando pesquisadores a desenvolverem robôs autônomos para essa tarefa. O desafio teve riscos — afinal, qualquer inovação poderia se tornar pública e beneficiar concorrentes. Mas, segundo Brad Porter, ex-vice-presidente da Amazon Robotics, a empresa entendeu que quanto mais pesquisadores resolvessem o problema, melhor para sua operação. Desafios dos primeiros robôs A primeira edição do Amazon Picking Challenge ocorreu em maio de 2015, reunindo equipes de universidades como MIT, Duke, Rutgers e Georgia Tech. O objetivo era projetar robôs que pudessem identificar e pegar produtos de uma prateleira típica da Amazon e colocá-los em caixas de transporte. A competição revelou grandes desafios: Precisão na pegada: os robôs precisavam agarrar os itens com força suficiente para levantá-los, mas sem danificá-los. Variedade de produtos: pacotes de biscoitos Oreo, marcadores Sharpie e brinquedos para cães estavam entre os itens testados, mas cada um exigia abordagens diferentes. Falhas técnicas: problemas iam desde mangueiras de sucção presas nos braços robóticos até sistemas que simplesmente não funcionavam na hora da prova. No final, os humanos ainda eram muito mais rápidos: um funcionário experiente consegue processar 400 itens por hora, enquanto o melhor robô do desafio alcançou apenas 30 itens/hora, com uma taxa de erro de 16%. Mas o experimento foi um sucesso em outro sentido: ele acelerou a pesquisa acadêmica em automação e ajudou a Amazon a refinar suas estratégias de robótica. A evolução para a nova geração de robôs O desafio foi renomeado para Amazon Robotics Challenge nos anos seguintes, tornando as tarefas cada vez mais complexas. Entre 2016 e 2018, a pesquisa em manipulação robótica explodiu, com cientistas publicando estudos e disseminando conhecimento na indústria. Tye Brady, cientista-chefe da Amazon Robotics, explica que a colaboração com acadêmicos foi fundamental para os avanços atuais. “Quando reunimos um grupo de mentes brilhantes para resolver problemas específicos, grandes coisas acontecem“, afirma. Hoje, os resultados podem ser vistos na operação da Amazon, com robôs como Robin e Sparrow, que utilizam sucção e inteligência artificial para embalar produtos. O Sparrow, lançado em 2023, já pode manipular mais de 200 milhões de tipos diferentes de itens, reduzindo custos e aumentando a velocidade das entregas. O impacto na Amazon e no mercado Os avanços não passaram despercebidos. O CEO da Amazon, Andy Jassy, destacou a importância do Sparrow durante um evento recente, ressaltando como a tecnologia está reduzindo custos e melhorando a experiência dos clientes. Segundo o banco de investimentos Morgan Stanley, a automação dos armazéns da Amazon pode gerar uma economia de até US$ 10 bilhões por ano para a empresa. Com um número crescente de robôs assumindo tarefas repetitivas, a Amazon não só melhora sua eficiência operacional, como também abre caminho para um novo modelo de logística automatizada — uma tendência que deve impactar todo o setor de e-commerce e distribuição global. Como destacou Tye Brady, “o grande segredo é que estamos apenas começando“.