Como três brasileiros viraram donos de gigantes globais? Este livro explica o método por trás do império

Reprodução: Unsplash
Esta obra revela como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira criaram um império global a partir de uma cultura de meritocracia extrema, simplicidade operacional e obsessão por eficiência
Poucas histórias de negócios no Brasil são tão impressionantes quanto a de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Em vez de buscar fama, eles construíram poder. Em vez de seguir o caminho óbvio, criaram um modelo próprio de gestão que atravessou décadas, setores e países, até culminar em aquisições de marcas que o mundo inteiro conhece.
É exatamente isso que “Sonho Grande”, de Cristiane Correa, coloca sob a luz. O livro reconstrói os bastidores desse trio desde o Banco Garantia, nos anos 1970, até a criação de um dos maiores conglomerados do capitalismo brasileiro, com influência real no mercado global.
O início de um estilo que não aceitava mediocridade
O livro mostra que o Garantia não foi apenas um banco. Ele funcionou como laboratório de cultura. Lemann, Telles e Sicupira desenharam ali um ambiente onde meritocracia não era discurso, mas regra concreta.
Quem entregava resultado ganhava espaço. Quem não entregava saía do jogo. Esse padrão formou uma geração de executivos atentos a número, performance e execução.
Cristiane Correa deixa claro que o trio não criou empresas só com capital e oportunidade. Eles criaram empresas com gente treinada para vencer, dentro de um sistema que premiava o melhor desempenho e não tolerava acomodação.
A cultura de simplicidade radical e custos na unha
“Sonho Grande” explica como os três empresários transformaram simplicidade em estratégia. Isso não significa fazer pouco. Significa eliminar o supérfluo até sobrar o que realmente move o negócio.
A redução de custos aparece como disciplina diária, quase um valor moral: cortar gastos não servia apenas para melhorar margem, mas para manter a organização leve, rápida e agressiva.
O livro também revela como essa mentalidade virou padrão em todas as companhias que eles assumiram. Cada aquisição vinha acompanhada de ajustes profundos, metas claras e cobrança intensa. Nada ficava intocado se não provasse valor no resultado.
A expansão global e a lógica por trás das grandes compras
A parte mais emblemática do livro acompanha o salto internacional. O trio comprou Budweiser, Burger King e Heinz em um curto espaço de tempo e mexeu com a lógica de mercado.
Mesmo quando o mundo olhava com desconfiança, eles repetiam a fórmula: gente boa no comando, metas audaciosas e cultura forte o suficiente para atravessar a turbulência.
Cristiane Correa mostra que essas aquisições não nasceram de impulso, e sim de um raciocínio quase matemático. Eles buscavam empresas grandes, com potencial de eficiência escondido, e aplicavam a mesma engenharia de gestão para liberar valor. O resultado aparece em escala global, mas começa com princípios que parecem simples demais para gerar algo tão gigante.









