Empresas que transformam crescimento em teatro podem perder não apenas talentos, mas também reputação e vantagem competitiva Prometer aumentos e promoções sempre foi a forma clássica de manter funcionários engajados. A mensagem é clara: você pode ser apenas uma engrenagem hoje, mas o futuro reserva uma posição maior e melhores recompensas. O problema é que, em muitas empresas, essa promessa não se concretiza — e o efeito pode ser devastador na motivação das equipes. Um novo estudo da plataforma de currículos MyPerfectResume mostra a dimensão do problema: 65% dos trabalhadores americanos já sofreram 'ghost growth' — quando recebem promessas de crescimento que nunca se materializam em promoções, títulos ou aumentos salariais. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção O que é o 'crescimento fantasma' Na prática, o fenômeno ocorre quando um colaborador recebe novas atribuições, treinamento ou até um discurso de reconhecimento, mas nada disso vem acompanhado de progressão real. O relatório aponta que: 78% foram designados a novas tarefas sem aumento de salário. Mais de 50% ouviram promessas de promoção que nunca aconteceram. 35% tiveram carga de trabalho ampliada sem qualquer compensação. Apenas 15% relataram aumento compatível com suas novas responsabilidades. Não à toa, dois em cada três entrevistados acusam seus empregadores de praticar 'growth theater': uma encenação corporativa semelhante ao greenwashing, mas aplicada à carreira. O impacto invisível, mas profundo À primeira vista, o funcionário parece estar avançando. Mas, na percepção dele, a carreira estagnou. O estudo mostra que: 53% sentem que o progresso é apenas de fachada. 49% acreditam ter atingido um platô, mascarado por 'oportunidades superficiais'. 70% já pensaram em pedir demissão por causa do ghost growth. 30% de fato deixaram seus empregos. As consequências vão além do desgaste individual. A saída de profissionais frustrados gera custos de recrutamento, perda de know-how e sobrecarga de colegas — alimentando um ciclo de insatisfação e alta rotatividade. Por que isso acontece Muitas vezes, gestores tentam 'economizar' recursos diante da saída de um funcionário-chave, redistribuindo funções para os que ficam sem ajustar salários ou títulos. No curto prazo, pode parecer solução. Mas no longo prazo, mina a confiança e destrói o engajamento da equipe. Como evitar o ghost growth na sua empresa A lição é direta: promessa sem entrega destrói confiança. Algumas medidas práticas podem inverter a lógica do crescimento fantasma: Transforme discurso em ação. Se novos deveres são atribuídos, reconheça-os com aumento de salário ou promoção real. Desenhe caminhos claros de carreira. Mostre prazos, etapas e critérios para chegar ao próximo nível. Aposte em desenvolvimento real. Ofereça treinamentos, mentorias e oportunidades de liderança que se conectem a avanços tangíveis. Considere alternativas ao dinheiro. Segundo o estudo, 27% dos profissionais querem aumentos proporcionais, mas 18% valorizariam mais equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Reforce a confiança. Colaboradores que se sentem apoiados e reconhecidos retribuem com engajamento e permanência. Conclusão O ghost growth é mais do que uma frustração individual — é um risco estratégico. Empresas que transformam crescimento em teatro podem perder não apenas talentos, mas também reputação e vantagem competitiva. Já aquelas que cumprem o que prometem colhem frutos em engajamento, produtividade e retenção. Afinal, para os colaboradores, crescimento não deve ser fantasma — precisa ser real.