Quando aplicada no ponto certo, a tecnologia não substitui a criatividade humana. Ela libera tempo para que ela apareça melhor A inteligência artificial deixou de ser promessa distante para virar ferramenta de impacto direto em rotinas criativas. Em emissoras de TV, onde tempo de entrega e qualidade editorial caminham juntos, a adoção de recursos automatizados tem se mostrado um caminho concreto para aumentar produtividade sem sacrificar o olhar humano. Esse é o caso da Record News, que incorporou funcionalidades de IA nativa do Adobe Premiere Pro, dentro do portfólio Adobe Enterprise, para acelerar sua pós-produção. A emissora, responsável por cerca de 140 horas mensais de conteúdo ao vivo a partir de São Paulo, registrou um salto de 30% na eficiência operacional com a nova abordagem, além de ampliar a grade sem aumento de equipe. Ganho de escala sem aumentar time Na prática, a mudança se refletiu rapidamente na programação. Depois da implementação dos recursos, a Record News conseguiu colocar três novos programas no ar mantendo o mesmo time de oito editores. O processo de treinamento também foi breve. Em menos de uma semana, toda a equipe estava utilizando as ferramentas no fluxo diário. André Zampieri, coordenador de operações da emissora, destaca que a evolução veio com simplicidade operacional e melhora perceptível na entrega final. Para ele, o Premiere Pro passou a atuar como um reforço técnico imediato, especialmente no tratamento de áudio, contribuindo para resultados mais profissionais prontos para ir ao ar. Do lado da Adobe, a leitura é semelhante. Rodrigo Arndt, Country Manager de Digital Media da Adobe Enterprise, afirma que o caso demonstra como a IA pode ser aplicada de forma estratégica e responsável em ambientes criativos complexos, elevando a qualidade sem substituir o protagonismo do editor. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Ferramentas que atacam gargalos reais Entre os recursos mais decisivos para a rotina da redação está a edição baseada em texto. A funcionalidade permite que cortes sejam feitos diretamente a partir da transcrição do conteúdo, agilizando a montagem e reduzindo o tempo gasto com busca manual de trechos. Outro destaque é o Enhance Speech. A tecnologia otimiza automaticamente gravações, removendo ruídos e inconsistências. Com isso, o tempo médio de corte de offs caiu de 15 para 5 minutos. Segundo a emissora, esse ganho destravou um ponto crítico: antes, entrevistas externas ou gravações recebidas por aplicativos, muitas vezes com áudio comprometido, exigiam longos ajustes ou acabavam descartadas. Agora, viraram material aproveitável com poucos cliques. Outras funções nativas também entraram no pacote de eficiência. A detecção automática de cenas reduziu o tempo de organização inicial dos vídeos. O Lumetri Color ajudou a padronizar ajustes de cor com mais consistência. E o Remix facilitou a adaptação de trilhas para diferentes durações de conteúdo, sem cortes manuais que quebram o ritmo. Inovação com responsabilidade editorial A adoção da IA veio acompanhada de uma preocupação central para o jornalismo: credibilidade. Zampieri ressalta que o foco não é substituir profissionais, mas automatizar tarefas repetitivas e melhorar a qualidade técnica. Ele aponta que o maior risco, especialmente em hard news, está na disseminação de fake news via IA generativa, e que a parceria com a Adobe oferece segurança por atuar como apoio ao editor. O olhar para o futuro inclui recursos de IA generativa, como Translate + Lip Sync e Generate Speech, capazes de traduzir e gerar vozes em outros idiomas. A expectativa é que essas funcionalidades ampliem a distribuição de conteúdo, reduzindo etapas tradicionais como voice over em determinados formatos. A experiência da Record News deixa claro o caminho que começa a se consolidar no audiovisual brasileiro: usar inteligência artificial como alavanca de escala, qualidade e velocidade, com responsabilidade editorial. Quando aplicada no ponto certo, a tecnologia não substitui a criatividade humana. Ela libera tempo para que ela apareça melhor.