A inteligência emocional não é um extra 'soft skill': é a base para liderar, inspirar e entregar resultados sustentáveis Se um gênio oferecesse a você uma saída de uma ilha deserta apenas em troca de um tema de liderança que domina o mundo dos negócios há três décadas, a resposta seria simples: inteligência emocional. O conceito, popularizado nos anos 1990, segue atual porque influencia diretamente como líderes e equipes lidam com decisões, conflitos e resultados. Em entrevista à Harvard Gazette, Ronald Siegel, professor de psicologia da Harvard Medical School, destacou os pilares que fazem da inteligência emocional uma habilidade essencial. Autoconsciência como ponto de partida O primeiro passo é reconhecer o que acontece dentro de você. Emoções influenciam julgamentos, e ignorá-las pode custar caro. O próprio Warren Buffett admitiu que comprou o controle da Berkshire Hathaway, então uma empresa têxtil em crise, apenas para demitir um CEO que o havia irritado. Resultado: um investimento bilionário em um setor no qual não deveria estar. Identificar seus sentimentos de forma objetiva evita decisões tomadas no calor do momento — e aumenta a clareza estratégica. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Emoção não é reação automática Reconhecer emoções não significa se deixar dominar por elas. A inteligência emocional está em separar sentimento de ação. Usar o medo como combustível para se preparar melhor pode ser positivo. Mas insistir em uma estratégia fracassada apenas para não admitir um erro é um risco para qualquer líder. Ler os outros com precisão Mais do que empatia no sentido tradicional, a inteligência emocional exige uma atenção neutra às reações alheias. Entender como colegas e parceiros respondem emocionalmente é uma ferramenta poderosa de persuasão e negociação. Habilidade social e trabalho em equipe Siegel aponta que inteligência emocional também se traduz em competência social: saber resolver conflitos, engajar equipes e manter o foco coletivo. Líderes que entendem esse aspecto tendem a inspirar mais cooperação e confiança. Menos drama, mais execução Vivemos em uma era de excesso de ruído, onde pequenas tensões podem se amplificar rapidamente. Segundo Siegel, gastamos energia demais tentando preservar aparências ou reagindo a provocações. A inteligência emocional ajuda a cortar esse desperdício: menos vaidade, mais resultados. O que líderes podem aplicar já Técnica e conhecimento são fáceis de adquirir; construir relacionamentos de confiança não. Como resume Siegel, o verdadeiro diferencial no futuro dos negócios será a capacidade de compreender e se relacionar com pessoas. Adotar hábitos simples pode ser um bom começo: prestar atenção real nas conversas, escolher palavras com cuidado, observar as reações dos outros e até usar o silêncio e o humor de forma estratégica. No fim, a inteligência emocional não é um extra 'soft skill': é a base para liderar, inspirar e entregar resultados sustentáveis.