Com a ascensão de assistentes humanos, virtuais e baseados em IA, cresce a necessidade de regras claras para proteger informações e responsabilidades no ambiente corporativo Ter alguém para organizar tarefas do dia a dia — de consultas médicas a compromissos de trabalho — parece irresistível. Como mostrou uma reportagem recente do Wall Street Journal, cada vez mais profissionais contratam assistentes pessoais para administrar sua rotina. Porém, essa prática pode trazer riscos sérios quando atravessa os limites do ambiente corporativo. O declínio do assistente 'tradicional' Na década de 1980, quase 20% da força de trabalho americana estava em funções administrativas. Hoje, essa fatia não passa de 4%. Com ferramentas digitais, muitos passaram a digitar, revisar e organizar sua própria rotina. Mas a demanda por ajuda em tarefas administrativas nunca desapareceu — apenas mudou de formato, agora com assistentes pessoais ou de IA. Onde começa o problema Se um funcionário contrata alguém para lidar com assuntos pessoais, isso não deveria ser problema da empresa. Mas o risco surge quando esse assistente tem acesso a agendas corporativas, responde e-mails profissionais ou até manipula documentos internos. Casos já documentados mostram profissionais terceirizando partes de seus trabalhos sem que os empregadores soubessem. Alguns chegam a manter múltiplos empregos simultaneamente, apoiados por equipes de assistentes pagos do próprio bolso. Além do impacto ético, há riscos legais e de reputação, especialmente em setores regulados. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção O que as empresas precisam fazer Especialistas defendem políticas claras para evitar que informações estratégicas saiam do controle. Algumas medidas sugeridas incluem: Proibição total de acesso a sistemas corporativos por assistentes pessoais não autorizados. Regulamentação do uso de IA: se permitido, deve ser feito apenas com ferramentas aprovadas e fornecidas pela empresa. Proteção de dados e confidencialidade: informações de clientes, processos e trade secrets não podem ser expostas. Zero tolerância à terceirização de tarefas críticas: rascunhos de propostas, respostas a clientes ou relatórios internos não devem ser delegados. Penalidade clara para violações: até mesmo rescisão contratual quando comprovado. Por que agir agora Embora alguns gestores considerem exagero, os números mostram o contrário: cada vez mais profissionais recorrem a assistentes pessoais — humanos ou digitais. E, como alerta Greg Bulmash, chief creative officer da Bulmash Media: 'Dar a um assistente o poder de organizar sua vida é dar a ele o poder de arruiná-la.' No ambiente corporativo, essa máxima vale em dobro. A empresa precisa ter clareza sobre quem realmente está executando o trabalho e garantir que sua estrutura não seja comprometida por terceiros.