Empreendedor serial defende que o ponto de partida de qualquer empresa deve ser a dor real das pessoas — não uma solução brilhante que ninguém precisa Uri Levine, cofundador do aplicativo de navegação Waze e da fintech Pontera, construiu uma das trajetórias mais marcantes do empreendedorismo recente. Em entrevista ao Yahoo Finance, ele destacou uma lição simples, mas poderosa: negócios de sucesso nascem da obsessão com problemas concretos, não de ideias prontas para brilhar. 'Quando enfrento um problema, uso a frustração como ponto de partida. Penso: 'E se pudermos mudar isso?', explicou. Foi assim que surgiu o Waze, a partir da dificuldade diária no trânsito, e também a Pontera, fundada para corrigir falhas nos investimentos para aposentadoria, que cobravam taxas excessivas e comprometiam o futuro financeiro de milhões de pessoas. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Criação de valor como norte O raciocínio de Levine é direto: se a solução realmente funciona, ela gera valor. E valor é a essência da jornada empreendedora. Segundo ele, definir com clareza o problema e quem é afetado abre caminho para uma proposta de valor sólida e escalável. Esse foco o levou, em 2013, a vender o Waze ao Google por US$ 1,3 bilhão — a primeira vez que um aplicativo de consumo superava a marca bilionária. O papel da comunidade inicial Para Levine, nenhum negócio nasce sozinho. Ele valoriza o que chama de 'amadores entusiasmados' — os primeiros usuários que acreditam na missão e se tornam defensores naturais da solução. 'Eles são os que vão usar primeiro qualquer produto e ajudar a torná-lo bem-sucedido', disse. A recomendação é passar tempo com quem sente mais intensamente o problema. A escuta ativa, reforça Levine, valida a percepção da dor e guia a construção de soluções relevantes. Ele cita até Albert Einstein: 'Se tivesse uma hora para resolver um problema, gastaria 55 minutos pensando sobre ele e apenas cinco na solução.' O fracasso como parte do caminho Apesar das conquistas, Levine é categórico ao reconhecer que erros são inevitáveis. 'Aceite que haverá coisas que não vão funcionar, e isso faz parte da jornada', afirmou. Para ele, falhar rápido e seguir em frente é essencial. A única razão legítima para encerrar um projeto, diz o empreendedor, é quando o problema original deixa de existir. Fora isso, a persistência é chave. A verdadeira paixão do empreendedor Mais do que defender ideias ou planos de negócios, Levine incentiva os fundadores a se apaixonarem pela 'bagunça': os engarrafamentos, os sistemas ineficientes, as frustrações cotidianas. É aí, garante ele, que surgem as oportunidades para criar impacto real e negócios transformadores.