Pesquisadores da Universidade de Derby analisaram milhões de livros no Google Ngram e descobriram que o uso de palavras como 'rio' e 'flor' caiu 60% desde 1850 A perda de biodiversidade é alarmante, mas um novo estudo mostra que não são apenas espécies que estão desaparecendo. Nossa própria linguagem para falar sobre a natureza também está em extinção. Pesquisadores da Universidade de Derby analisaram milhões de livros no Google Ngram e descobriram que o uso de palavras como 'rio' e 'flor' caiu 60% desde 1850. Outro levantamento de 2019 revelou que crianças britânicas conhecem cada vez menos nomes de plantas e animais — 83% não conseguem identificar sequer uma abelha. Essa 'cegueira verde', como cientistas chamam, aponta para uma desconexão crescente entre humanos e o mundo natural. Por que isso importa Pode parecer apenas um detalhe linguístico, mas psicólogos alertam: quanto menos falamos da natureza, menos a valorizamos. E essa distância afeta diretamente nossa saúde física e mental. Pesquisas associam o contato frequente com ambientes naturais à redução da ansiedade, maior criatividade, melhor imunidade e até aumento de produtividade no trabalho. O crítico John Berger já escrevia em 1977 que observar e nomear os animais à nossa volta ajudava os humanos a se sentirem parte de algo maior. Perder essa relação, dizem os pesquisadores, nos isola e intensifica a solidão moderna. Reconexão prática com o mundo natural Empresas como a Amazon já entenderam a importância disso. Ao expandir sua sede em Seattle, a gigante de tecnologia instalou mais de 40 mil plantas nos prédios, apostando em pesquisas que mostram que ambientes naturais tornam as pessoas mais felizes, focadas e saudáveis. Para líderes e empreendedores, pequenas mudanças podem gerar impactos significativos: Incentivar caminhadas ao ar livre e reuniões externas; Trazer mais plantas para os escritórios; Apoiar projetos ambientais locais; Criar momentos para contemplação e educação ambiental, inclusive para crianças; Reaprender e usar o vocabulário da natureza no dia a dia. Mais do que estética, é sobrevivência Os cientistas alertam que recuperar a linguagem da natureza é recuperar a própria conexão com o planeta e conosco mesmos. Dois horas por semana ao ar livre já bastam para começar a colher os benefícios. No fim, falar e viver mais a natureza pode ser tão essencial quanto preservar as espécies que nela habitam.