Reestruturar a camada de gestão sem planejamento pode corroer a confiança, a motivação e as perspectivas de crescimento profissional dos times A ideia de estruturas de gestão mais enxutas voltou à moda depois que gigantes como Meta, Microsoft e Google reduziram cargos de gerência para cortar custos e aumentar produtividade — parte dessas tarefas, inclusive, foi transferida para ferramentas de IA. Mas uma nova pesquisa da Firstup revela um efeito colateral preocupante: reduzir demais a camada intermediária de liderança pode prejudicar o engajamento e o desempenho dos times. Segundo o levantamento, que ouviu 1.000 funcionários de empresas americanas que passaram por demissões no último ano, mais da metade dos profissionais confiam no gestor direto como principal fonte de informações relevantes sobre a empresa. Apenas 10% apontaram a alta liderança como fonte confiável para esse tipo de comunicação. O elo perdido entre líderes e equipes Os dados mostram que os gerentes intermediários são vistos como peça-chave para o bem-estar e a produtividade. Cerca de 75% dos entrevistados disseram depender deles para reconhecimento e valorização, 63% para ajuda em desafios no trabalho e 50% para conselhos de carreira. Além disso, 86% afirmaram contar com esses líderes para 'traduzir' mudanças corporativas em orientações práticas para o dia a dia. Quando esses gerentes desaparecem, a relação com a alta liderança se fragiliza. Quase 40% dos funcionários disseram não confiar na cúpula para receber mentoria ou orientação, e apenas 47% consideram a comunicação da liderança minimamente transparente. Demissões geram sobrecarga e desengajamento O estudo mostra que, após cortes, 38% perceberam seus gestores menos acessíveis. Como consequência, 30% disseram sentir menos apoio em períodos de mudança e 34% temem perder conexão e oportunidades de desenvolvimento na carreira. Bill Schuh, CEO da Firstup, destacou que os gerentes são essenciais para transformar prioridades estratégicas em clareza e engajamento para os times. Sem eles, os funcionários podem ficar desmotivados, o que afeta diretamente a produtividade. Além disso, sobrecarregar os líderes que restam não é sustentável no longo prazo. Lições para empresas em transformação Mesmo em organizações menores, onde a comunicação tende a ser mais direta, os dados acendem um alerta: reestruturar a camada de gestão sem planejamento pode corroer a confiança, a motivação e as perspectivas de crescimento profissional dos times. Para evitar esses efeitos, especialistas sugerem comunicação aberta sobre mudanças, definição clara de papéis e, sempre que possível, preservação de líderes que façam a ponte entre estratégia e execução — algo que nem mesmo a inteligência artificial consegue substituir.