Adoção acelerada da inteligência artificial, escassez de talentos e novas expectativas dos trabalhadores estão redesenhando o futuro do emprego O mercado de trabalho dos Estados Unidos vive uma fase de retração, mas o problema vai além das fronteiras americanas. Segundo o relatório Chief People Officer's Outlook 2025, do Fórum Econômico Mundial (WEF), empresas em todo o mundo estão adiando contratações diante da incerteza causada por múltiplos fatores: a adoção acelerada de tecnologias de IA, a falta de mão de obra qualificada e mudanças profundas nas expectativas dos trabalhadores. De acordo com a pesquisa, 42% dos líderes de RH acreditam que o mercado seguirá estagnado em 2026. Outros 32% preveem deterioração, enquanto apenas 26% esperam melhora. O documento resume a situação como 'cautela de curto prazo em meio a oportunidades de transformação de longo prazo'. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção A retração da mobilidade no emprego O relatório destaca que tanto as taxas de vagas abertas quanto de desligamentos estão abaixo dos níveis recentes. Nos Estados Unidos, a tendência se repete em escala global: trabalhadores estão 'abraçando seus empregos', hesitando em buscar novas oportunidades diante de um cenário instável. Esse movimento afeta desde jovens profissionais que enfrentam substituição por IA até trabalhadores mais velhos que sofrem com preconceito etário. As prioridades dos líderes de RH Diante desse cenário, as prioridades para 2026 foram claramente apontadas: Revisar estruturas organizacionais. Reforçar cultura e propósito corporativo. Avançar na integração da inteligência artificial. Os executivos afirmam que a IA pode apoiar o redesenho de funções, melhorar fluxos de trabalho e auxiliar no desenvolvimento de carreira. Mas alertam para o risco de 'atrofia de habilidades', caso trabalhadores se tornem excessivamente dependentes da tecnologia. O desafio da implementação da IA Segundo o WEF, implantar IA de forma responsável exige colaboração estreita entre áreas técnicas e de pessoas. Os passos incluem mapear impactos em funções, redesenhar processos, investir em requalificação e contratar talentos especializados. Mas há riscos concretos: perda de pensamento crítico, estagnação de carreiras, além de dilemas éticos e de privacidade de dados. A Microsoft, por exemplo, já alertou que o uso indiscriminado de IA pode comprometer habilidades cognitivas. Pesquisas recentes com educadores também levantaram preocupações sobre os efeitos da tecnologia no aprendizado de longo prazo. Upskilling como prioridade Apesar dos riscos, há sinais positivos. Uma pesquisa de julho revelou que 83% dos profissionais de RH consideram essencial investir em capacitação para manter a competitividade da força de trabalho em um mercado impactado pela IA. Programas de requalificação e benefícios direcionados ao aprendizado ganham espaço nas empresas que buscam equilibrar eficiência tecnológica com crescimento humano. O recado para gestores Para quem lidera empresas ou equipes, a mensagem é clara: contratar talentos continuará sendo um desafio nos próximos anos, mas o verdadeiro diferencial será preparar os colaboradores para trabalhar lado a lado com a inteligência artificial. Investir em treinamento e requalificação não só reduz riscos de obsolescência como também libera espaço para que os profissionais concentrem energia em tarefas de maior valor estratégico. No cenário descrito pelo WEF, a convergência entre tecnologia e desenvolvimento humano será a chave para transformar incerteza em vantagem competitiva.