Novo estudo mostra que conexões sociais no ambiente profissional aumentam o engajamento e podem ser a chave para lidar com a resistência ao fim do home office Desde a pandemia, o trabalho remoto se tornou o benefício mais valorizado por muitos profissionais. Mas mesmo com sua flexibilidade e a promessa de melhor equilíbrio entre vida pessoal e carreira, ele também trouxe um efeito colateral preocupante: a solidão. Agora, um novo relatório da plataforma ezCater lança luz sobre um fator que pode reverter a tendência de rejeição ao retorno ao escritório. Mais do que salário, benefícios ou horários flexíveis, o que pode convencer profissionais a voltarem ao presencial é ter um melhor amigo no trabalho. A amizade como fator de engajamento O levantamento, realizado com mil trabalhadores dos Estados Unidos, mostrou que 80% dos entrevistados se sentem mais engajados quando têm amigos no ambiente de trabalho. No modelo remoto, a chance de desenvolver essas conexões cai drasticamente: apenas 43% dos profissionais disseram ter amigos próximos no trabalho, contra 69% entre os que atuam em modelo híbrido ou presencial. A ausência de vínculos próximos impacta diretamente o envolvimento emocional com a empresa, a disposição para colaborar e o sentimento de pertencimento — todos fatores cruciais para a produtividade e a retenção de talentos. Socializar faz bem até para o cérebro Além do aspecto emocional, cultivar amizades no trabalho também estimula funções cognitivas. De acordo com o neurologista Andrew Budson, da VA Boston Healthcare System, atividades sociais exigem mais do cérebro do que quase qualquer outra tarefa. Em entrevista à Harvard Health, Budson afirma que essas interações reduzem o risco de esgotamento mental e ajudam a manter os profissionais mais alertas e engajados. Geração Z quer conexão — e espera isso das empresas Entre os mais jovens, o desejo por conexões presenciais é ainda mais evidente. O estudo mostra que 85% da geração Z se sentem mais engajados quando têm um “work bestie” — um melhor amigo no ambiente de trabalho. E não apenas isso: 56% dos jovens profissionais esperam que as empresas promovam ativamente essa socialização, criando uma cultura de comunidade. Robert Kaskel, vice-presidente de pessoas da ezCater, destaca que ignorar essa demanda pode ser um erro estratégico. 'Funcionários com amigos no trabalho são significativamente mais engajados. Por isso, é do interesse das empresas criar um ambiente que favoreça a socialização', afirmou em nota à imprensa. Um novo papel para o escritório A pesquisa evidencia que o retorno ao escritório pode não ser mais sobre produtividade — mas sim sobre conexões humanas. Em um cenário de epidemia de solidão, especialmente entre os mais jovens, o local de trabalho pode voltar a ocupar um espaço central na vida social dos profissionais. Para empresas que enfrentam resistência ao retorno presencial, o caminho pode passar menos por imposições e mais por reconstruir o escritório como um lugar de pertencimento, trocas reais e relacionamentos que importam.