Batizada de Private Processing, nova funcionalidade foi criada para permitir o uso de ferramentas como resumo de mensagens e sugestões de escrita sem expor o conteúdo dos chats à Meta O WhatsApp, aplicativo de mensagens utilizado por cerca de 3 bilhões de pessoas no mundo, começará a implementar nas próximas semanas recursos baseados em inteligência artificial na nuvem, com a promessa de preservar os padrões de segurança e privacidade que definem a plataforma. Batizada de Private Processing, a nova funcionalidade foi criada para permitir o uso de ferramentas como resumo de mensagens e sugestões de escrita sem expor o conteúdo dos chats à Meta, empresa controladora do WhatsApp, ou a terceiros. A tecnologia utiliza ambientes de execução isolados nos servidores, protegendo os dados durante o processamento. A novidade vem em resposta às críticas que a Meta recebeu ao integrar o assistente Meta AI ao aplicativo. Apesar de prometer avanços na experiência dos usuários, muitos se mostraram preocupados com a exposição das conversas a sistemas fora da criptografia ponta a ponta que caracteriza o WhatsApp. Com o Private Processing, o processamento é feito em hardware especializado e restrito, que apaga os dados rapidamente após o uso e emite alertas em caso de tentativa de violação. Além disso, os usuários poderão ativar o controle 'Advanced Chat Privacy', que impede o uso de IA em conversas compartilhadas, o download automático de mídias e a exportação de chats. Inspirada em parte no Private Cloud Compute, lançado pela Apple em 2023, a solução da Meta foi projetada especificamente para o WhatsApp e para funcionar em uma ampla gama de dispositivos, incluindo os mais antigos e de menor potência, comuns entre seus usuários. 'Não era viável criar algo que funcionasse localmente em todos os aparelhos', explicou Colin Clemmons, engenheiro da Meta envolvido no projeto. A Meta afirma que as funcionalidades são opcionais e que os usuários têm total controle sobre sua ativação. No entanto, especialistas como o criptógrafo da Universidade Johns Hopkins, Matt Green, alertam que, embora a arquitetura seja segura, o fato de o processamento ocorrer fora do dispositivo já representa um risco adicional — tornando os servidores um possível alvo para ataques cibernéticos. Apesar disso, a Meta defende que os usuários esperam essas funcionalidades e que oferecer IA de forma segura é uma necessidade. 'As pessoas não deveriam precisar abrir mão de sua privacidade para aproveitar os benefícios da IA', afirmou Will Cathcart, chefe do WhatsApp. A plataforma já iniciou parcerias com especialistas e instituições independentes para auditar o sistema e pretende abrir o código do Private Processing futuramente, buscando ampliar a transparência e encorajar a adoção segura por outros serviços. A movimentação reforça a disputa entre gigantes da tecnologia para integrar IA aos seus ecossistemas — sem perder a confiança dos usuários.