Após anos de crise e uma queda de vendas alarmante, a Jaguar não está apenas apresentando uma nova identidade visual; está buscando uma refundação completa A Jaguar, icônica marca britânica que outrora personificou elegância e performance, está tentando se reinventar — e a repercussão negativa em torno de seu novo rebranding pode acabar sendo o empurrão de que a marca precisava. Após anos de crise e uma queda de vendas alarmante, a Jaguar não está apenas apresentando uma nova identidade visual; está buscando uma refundação completa, mirando o público jovem e abraçando o estilo de vida GenZ. O burburinho gerado, ainda que polêmico, coloca a marca novamente no centro das conversas, algo que estava longe de alcançar em meio ao mercado competitivo de luxo. De acordo com dados recentes, a Jaguar viu suas vendas despencarem 66% desde 2018, evidenciando a urgência de uma transformação profunda. Entre os fatores que levaram a essa crise estão o posicionamento confuso da marca, a concorrência com gigantes alemãs como BMW e Audi, e a falta de novidades em sua linha de produtos. Sob a promessa de uma linha totalmente elétrica até 2025, a Jaguar agora busca competir com nomes como Bentley e Aston Martin, abandonando sua herança visual e dobrando os preços de seus futuros modelos. O novo logo da Jaguar, com tipografia descontraída e cores vibrantes como rosa e amarelo, abandonou completamente a estética tradicional da marca. Este movimento gerou comparações com desastres de rebranding, como o caso da Gap em 2010, e até piadas públicas, como o comentário irônico de Elon Musk: 'Vocês vendem carros?'. No entanto, a controvérsia tem um lado positivo. Como destacou Toby Barlow, CEO da Lafayette American, 'Ninguém estava falando da Jaguar ontem. Hoje todo mundo está.' Brian Collins, designer renomado, elogiou a ousadia da mudança, sugerindo que ela reflete uma convicção rara no mundo automotivo. A decisão de arriscar tudo na modernização levanta um dilema crucial: até que ponto uma marca premium pode sacrificar sua tradição em nome da inovação? A Jaguar aposta alto em uma conexão emocional com o público mais jovem, que prioriza valores como sustentabilidade e identidade digital. Essa abordagem, embora divisiva, pode atrair consumidores que valorizam mais o propósito do que a história de uma marca. Enquanto a Jaguar se prepara para lançar um carro-conceito durante a Art Week de Miami, o impacto desse rebranding no longo prazo ainda é incerto. Mas uma coisa é clara: a polêmica não só colocou a Jaguar sob os holofotes novamente, como deu à marca a chance de redefinir seu futuro, mesmo que isso signifique abandonar o passado. Para uma empresa em crise, o rebranding talvez não seja um tiro no pé — mas um grito de desespero que pode, finalmente, ser ouvido.