A inteligência emocional verdadeira não é um ideal inalcançável. É uma prática diária de consciência, escuta, empatia e autocontrole A inteligência emocional se tornou um dos conceitos mais valorizados no ambiente profissional. Mas junto com a popularidade, vieram simplificações e distorções que comprometem sua aplicação real. Daniel Goleman, referência no tema, define a IE como a capacidade de reconhecer e gerenciar emoções em si e nos outros. No entanto, muitos dos conselhos disseminados por aí pouco têm a ver com esse conceito. 1. Ser emocionalmente inteligente é ser sempre calmo Calma constante não é sinônimo de inteligência emocional. Pessoas com IE elevada sentem raiva, tristeza e frustração — mas sabem expressar e canalizar essas emoções de forma construtiva. Como destaca Brené Brown, vulnerabilidade e autenticidade fazem parte da força emocional, não da fraqueza. 2. Inteligência emocional é inata Muitos acreditam que a IE é um traço fixo de personalidade. Mas a neurociência comprova que ela pode ser desenvolvida com prática e autorreflexão. Carol Dweck reforça que a mentalidade de crescimento se aplica aqui: todo comportamento emocional é passível de aprimoramento. 3. Pessoas emocionalmente inteligentes agradam a todos Confunde-se empatia com subserviência. Quem tem IE elevada sabe dizer não, estabelecer limites e tomar decisões impopulares quando necessário. Simon Sinek lembra que liderar com propósito exige coerência e coragem — não busca constante por aprovação. 4. IE é apenas para líderes Embora a IE seja essencial para a liderança, ela não é exclusiva a cargos de gestão. Qualquer profissional se beneficia ao desenvolver consciência emocional, empatia e regulação. Amy Edmondson reforça que ambientes emocionalmente seguros dependem de todos os membros da equipe, e não apenas dos líderes. 5. Controlar emoções é reprimir sentimentos Repressão é o oposto de inteligência emocional. Controlar emoções significa reconhecê-las, compreendê-las e decidir como expressá-las. Daniel Goleman alerta que o autoconhecimento é a base para qualquer forma saudável de regulação emocional. 6. IE é “soft skill” e, portanto, secundária Chamar a IE de “habilidade suave” não deve colocá-la em segundo plano. Em um mundo de mudanças constantes e alta pressão, ela é o que sustenta decisões, relações e inovações. Empresas bem-sucedidas já entenderam: IE não é acessório, é diferencial competitivo. Desmistificar é o primeiro passo para desenvolver A inteligência emocional verdadeira não é um ideal inalcançável. É uma prática diária de consciência, escuta, empatia e autocontrole. Ao abandonar os mitos, abrimos espaço para um desenvolvimento emocional mais honesto, profundo e estratégico.