Carreira cresce quando você para de ser o resolvedor central e passa a construir capacidade ao redor 'Deixa que eu faço' parece responsabilidade. Você assume para garantir qualidade, evita atrasos, poupa o time de erro, resolve rápido. Em muitos ambientes, essa postura é elogiada. Mas, como hábito, ela vira uma armadilha: você cresce em trabalho, não em influência. E, sem perceber, passa a treinar a equipe para depender de você. Profissionais que centralizam tarefas e decisões tendem a se tornar gargalos, o que limita sua capacidade de atuar estrategicamente e reduz a autonomia do time. Assumir tudo pode parecer eficiência, mas frequentemente diminui escala e aumenta risco de esgotamento. O que essa frase ensina para o time Quando você diz 'deixa que eu faço', você envia duas mensagens. A primeira: 'isso é importante demais para você'. A segunda: 'eu não confio no seu jeito'. Mesmo que não seja sua intenção, é isso que o outro ouve. Com o tempo, as pessoas param de tentar. Elas esperam você resolver. A equipe vira reativa. Em vez de trazer soluções, traz problemas. Em vez de decidir, pede permissão. E você se torna a solução universal. O dia fica cheio, mas seu escopo não cresce. Por que você repete isso mesmo sabendo que te faz mal Porque dá alívio imediato. É mais rápido fazer do que explicar. É mais confortável controlar do que lidar com a possibilidade de erro. É mais fácil assumir do que negociar prioridade. Só que esse alívio cobra juros. Você perde tempo de foco, perde espaço para pensar e vira o ponto fraco do sistema. Basta você estar fora ou saturado para tudo travar. Isso não é força. É fragilidade disfarçada. Como trocar 'deixa que eu faço' por liderança de verdade O primeiro passo é trocar execução por critério. Em vez de assumir a tarefa, defina o padrão: exemplos, checklist, 'definição de pronto', limites claros. Assim, o outro consegue entregar com mais segurança sem te puxar para tudo. O segundo passo é pedir recomendação, não só ação. 'Me traga duas opções e uma sugestão.' Isso treina pensamento e reduz dependência. Você deixa de ser o executor e vira o orientador de decisão. O terceiro passo é aceitar que a primeira entrega pode vir imperfeita. Delegação é investimento. No começo custa mais tempo. Depois devolve tempo. Se você não tolera o custo inicial, você nunca ganha o retorno. A pergunta que muda seu padrão Antes de assumir, pergunte: isso precisa ser feito por mim ou precisa ser bem feito? Se a resposta for 'bem feito', seu papel é criar condições para que outra pessoa faça. No fim, 'deixa que eu faço' pode até parecer competência, mas muitas vezes é medo com cara de eficiência. Carreira cresce quando você para de ser o resolvedor central e passa a construir capacidade ao redor. Isso não te torna menos valioso. Te torna mais líder.