Empresas maduras premiam clareza, impacto e consistência, não volume Em muitas empresas, a influência não vem do impacto. Vem do volume. Quem fala mais alto na reunião, quem ocupa mais espaço, quem se impõe com segurança, quem domina a narrativa. O time percebe rápido: não basta entregar bem. É preciso 'parecer' relevante. E quando a empresa premia barulho, ela treina política interna em vez de performance real. Ambientes onde visibilidade e autopromoção têm mais peso do que critérios claros tendem a aumentar competição interna e reduzir colaboração, porque as pessoas passam a otimizar percepção em vez de resultado. Justiça percebida é um dos pilares de engajamento sustentável. Quando barulho vira moeda, a cultura vira teatro Se quem fala mais é o mais ouvido, o time começa a se adaptar. Alguns entram no jogo e investem energia em autopromoção, não em qualidade. Outros se retraem e param de contribuir, porque entendem que não serão reconhecidos. O resultado é duplo: queda de colaboração e perda de ideias. Além disso, barulho tende a esconder risco. Quem domina a narrativa pode minimizar problemas, vender versões otimistas e empurrar responsabilidade. A empresa fica mais vulnerável, porque a verdade passa a competir com a performance social. Entrega de verdade perde espaço para 'presença' Com o tempo, a organização confunde presença com competência. Pessoas que falam bem e se impõem parecem mais prontas para liderar, mesmo quando não constroem resultados sustentáveis. Enquanto isso, profissionais sólidos, que entregam com consistência e evitam espetáculo, ficam invisíveis. Isso é um problema de Negócios. Porque você começa a promover quem gera ruído, não quem gera capacidade. E equipes guiadas por ruído tendem a tomar decisões piores, porque a conversa vira disputa de influência, não busca de verdade. O efeito emocional: cinismo e desengajamento Quando a percepção de justiça cai, o clima muda. O time começa a pensar 'não adianta fazer bem, adianta aparecer'. Surge cinismo. E cinismo não é preguiça. É defesa. A pessoa reduz esforço porque não vê relação entre esforço e reconhecimento. Esse cinismo destrói cultura de dono. Ninguém quer assumir responsabilidade em um ambiente onde o mérito é social, não real. E, sem donos, a execução fica frágil. Como líderes corrigem isso na prática Primeiro, crie critérios visíveis de avaliação. O que conta: impacto, qualidade, previsibilidade, colaboração, capacidade de desenvolver outros, melhoria de processo. Quando o critério é explícito, o barulho perde vantagem. Segundo, proteja espaço para vozes menos dominantes. Em reuniões, líderes podem convidar contribuições de quem fala menos e reduzir monopolização. Não por 'justiça simbólica', mas para capturar inteligência do grupo. Terceiro, reconheça publicamente comportamentos que constroem o sistema: quem evita retrabalho, quem documenta, quem previne risco, quem melhora processo. Isso ensina o time a jogar o jogo certo. No fim, empresas maduras premiam clareza, impacto e consistência, não volume. Quando você troca barulho por critério, você reduz política interna e aumenta performance real. E esse é um dos jeitos mais rápidos de elevar a qualidade de um time: garantir que quem entrega melhor seja, de fato, quem tem mais voz.