Estudo mostra que o impacto da IA depende do estilo de liderança: colaboração empodera, controle desmotiva A inteligência artificial está redefinindo o mundo do trabalho — e também a forma como líderes exercem autoridade. Um novo estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, mostra que o impacto da IA sobre a força de trabalho não é necessariamente bom ou ruim. Tudo depende da mentalidade da liderança e de como a tecnologia é introduzida nas empresas. IA pode empoderar ou controlar — e isso é escolha da gestão A pesquisa analisou o uso da IA em diversos setores, especialmente em empresas de hospitalidade, como hotéis, restaurantes e call centers. A conclusão: a IA não substitui cargos de gestão, mas 'redistribui a autoridade' e transforma silenciosamente a forma como o trabalho é organizado. Os sistemas de IA têm sido usados para apoiar decisões, revisar desempenho e definir escalas de trabalho. O resultado, porém, depende de como os gestores reagem às recomendações da tecnologia. De acordo com a coautora do estudo, professora Brana Jianu, 'se os líderes usarem algoritmos como ferramentas de colaboração — e não de controle —, conseguem preservar a dignidade dos funcionários e ainda melhorar a eficiência.' Em outras palavras, a IA não elimina o papel humano na liderança, mas redefine o equilíbrio de poder dentro das equipes. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Transparência é o novo diferencial competitivo Os pesquisadores identificaram um ponto crucial: a transparência na forma como a IA é usada muda tudo. Quando gestores explicam aos colaboradores o propósito da tecnologia, o tipo de dados utilizados e permitem que os funcionários questionem as decisões automatizadas, a equipe tende a se sentir mais respeitada e empoderada. Por outro lado, quando os algoritmos operam 'nos bastidores', sem clareza ou explicações, os trabalhadores relatam sentimentos de vigilância e perda de autonomia — o que mina a confiança e o engajamento. O estudo descreve essa diferença como um paralelo entre dois estilos de liderança: O primeiro, colaborativo, que aposta em 'estamos todos juntos nisso'; O segundo, autoritário, marcado pelo 'é do meu jeito ou nada feito'. Como humanizar o uso da IA nas empresas Para as empresas que buscam implementar IA de forma ética e eficiente, o estudo oferece caminhos práticos. A pesquisadora Iis Tussyadiah, reitora da Surrey Business School, sugere que líderes adotem painéis de controle que destaquem não apenas a produtividade individual, mas também a colaboração entre equipes. Essas ferramentas podem permitir que os funcionários contestem ou ajustem decisões automatizadas, fortalecendo a transparência e a confiança. Além disso, a especialista recomenda que as empresas realizem sessões abertas de explicação e escuta, para esclarecer como os dados são coletados e usados nos processos decisórios. Esse tipo de prática ajuda a transformar a IA em uma parceira de trabalho — e não em um instrumento de controle. O futuro da liderança é humano — mesmo com a IA O principal recado da pesquisa é claro: a IA não substituirá líderes, mas revelará quem realmente sabe liderar. Empresas que adotarem a tecnologia de forma aberta, ética e participativa poderão aumentar o engajamento e a produtividade. Já as que usarem a IA de modo opaco e hierárquico tendem a gerar medo, desconfiança e resistência. A mensagem é direta: usar IA não é apenas uma decisão tecnológica — é uma decisão de liderança.