A incivilidade pode parecer um problema menor — uma grosseria aqui, uma resposta atravessada ali. Mas somada, gera bilhões em prejuízos e corrói a base de qualquer organização Ser profissional, cordial e respeitoso no ambiente de trabalho parece algo óbvio. No entanto, pesquisas recentes mostram que a incivilidade — em forma de grosserias, e-mails ríspidos ou interações hostis — está em ascensão nos escritórios norte-americanos. De acordo com um levantamento da Society for Human Resource Management (SHRM), divulgado pela Fortune, a falta de civilidade está custando às empresas cerca de US$ 2,1 bilhões por dia, o que equivale a mais de US$ 766 bilhões por ano. Além do impacto financeiro direto, os efeitos colaterais incluem maior absenteísmo, queda de produtividade e piora no clima organizacional. Quando o desrespeito vira rotina Os dados impressionam: em média, os 168 milhões de trabalhadores dos EUA testemunham 208 milhões de atos de incivilidade todos os dias. Mais da metade dos entrevistados (63%) acredita que a sociedade americana como um todo está mais rude, índice que disparou em períodos de maior tensão política, como as eleições de 2024. Jim Link, diretor de RH da SHRM, atribui parte do problema ao fenômeno da chamada 'bravura digital' — a sensação de que, assim como em fóruns anônimos na internet, as pessoas podem dizer o que quiserem sem medir consequências. Esse comportamento tem migrado para o ambiente corporativo, gerando atritos e minando relações de confiança. Exemplos que preocupam Casos relatados em veículos como BuzzFeed e em fóruns como o Reddit dão a dimensão do problema. Entre eles, funcionários que levaram conflitos pessoais para o estacionamento da empresa, episódios de violência física entre colegas e até relatos de racismo em equipes remotas. Situações que, além de constrangedoras, expõem empresas a riscos jurídicos e reputacionais. O papel da liderança Ignorar a questão não é uma opção. A SHRM alerta que cabe aos líderes dar o exemplo e estabelecer parâmetros claros de convivência. Isso significa não apenas desestimular comportamentos agressivos, mas também fomentar habilidades de relacionamento interpessoal, como escuta ativa e comunicação não violenta. Banir conversas difíceis não é solução. O caminho é orientar sobre como discuti-las com civilidade. Ambientes em que gestores reforçam práticas respeitosas tendem a apresentar maior engajamento, menor rotatividade e resultados mais consistentes. Por que você deveria se importar A incivilidade pode parecer um problema menor — uma grosseria aqui, uma resposta atravessada ali. Mas somada, gera bilhões em prejuízos e corrói a base de qualquer organização: a confiança entre as pessoas. Criar uma cultura de respeito não é apenas uma questão ética, mas também estratégica para a competitividade e sustentabilidade dos negócios. Seja em tempos de polarização social ou de pressões internas, cultivar um ambiente de trabalho civil é uma das formas mais poderosas de proteger tanto o bem-estar dos colaboradores quanto o desempenho da empresa.