Nova pesquisa mostra que inverter a ordem pode reduzir a ansiedade, acelerar soluções e melhorar a comunicação no trabalho (e em casa) 'Quer ouvir a boa ou a má notícia primeiro?' Parece uma pergunta inofensiva — e até diplomática. Mas, segundo um estudo publicado no Personality and Social Psychology Bulletin, ela revela um erro comum de comunicação: a maioria das pessoas que têm boas e más notícias para dar prefere começar pelas boas. A esperança é 'amortecer o impacto' e tornar o momento mais leve. Só que essa não é a escolha preferida de quem está do outro lado da conversa. O estudo aponta que a maioria dos ouvintes prefere receber a má notícia primeiro. O motivo é claro: isso reduz a ansiedade e prepara melhor o terreno para ouvir a boa nova ou pensar em soluções. A ansiedade do “o que vem depois?” Quem sabe que vem uma notícia ruim — mas ainda não sabe qual — dificilmente consegue prestar atenção em qualquer informação que venha antes. Ou seja: dar a boa notícia primeiro pode até parecer mais agradável, mas tende a ser ineficaz. Mais ainda: ao deixar a má notícia para o final, você pode terminar a conversa em um tom mais negativo. Já ao dar a má notícia antes, a atenção se volta rapidamente para o alívio da boa notícia e, principalmente, para os caminhos possíveis para resolver a situação. Um exemplo prático Imagine que você falhou numa inspeção de obra. Uma forma emocionalmente inteligente de comunicar isso a alguém — como um sócio, chefe ou cônjuge — seria assim: 'Temos uma boa e uma má notícia. A má é que falhamos na inspeção porque o encanador cortou parte de uma viga estrutural para passar um tubo. A boa é que já realocamos os canos e conversamos com o fabricante da viga. Vamos reforçá-la com duas novas peças, e o engenheiro vai emitir um laudo aprovando o reparo. É incômodo, mas está sob controle.' Ao dar primeiro a má notícia, você reduz a incerteza e já direciona a conversa para a solução. A arte de antecipar soluções Ainda segundo os pesquisadores, a chave para tornar a má notícia mais palatável é estar pronto para responder à pergunta que invariavelmente surge: 'E agora? O que vamos fazer?'. É por isso que grandes líderes, gestores eficientes e bons comunicadores aprendem a antecipar cenários, pensar em alternativas e apresentar planos — mesmo que provisórios. Para quem gosta de resolver problemas, como muitos profissionais estratégicos, esse movimento é natural. Mas mesmo para pessoas mais emocionais ou reativas, ter ao menos um plano rascunhado pode ajudar a sair do estado de choque e entrar no modo 'ação'. Conhecer o outro é essencial Cada pessoa reage de forma diferente. Alguns preferem co-criar a solução. Outros esperam ouvir uma proposta antes de opinar. Por isso, entender o perfil da pessoa com quem você está falando é parte crucial da estratégia. Uma pergunta como 'O que você acha que devemos fazer?' pode engajar e abrir espaço para a colaboração. Outras vezes, o mais adequado é apresentar opções concretas e deixar que a outra parte escolha ou refine o plano. A conclusão dos pesquisadores (e um bom conselho) O estudo conclui que, embora começar pela má notícia possa parecer desconfortável, é a escolha que reduz ansiedade, aumenta a clareza e melhora os resultados de conversas difíceis — especialmente quando acompanhada de alternativas ou soluções viáveis. Em tempos de comunicação acelerada e excesso de estímulos, saber organizar as más notícias com empatia e objetividade é uma habilidade valiosa — seja numa reunião de trabalho, num papo em família ou em qualquer contexto de liderança. Então, da próxima vez que você se perguntar como começar uma conversa difícil, comece pelo que mais importa — e mais alivia: a verdade.