Pesquisa revela que o cochilo no meio do dia virou hábito comum (e tolerado) entre profissionais que trabalham remotamente Trabalhar de casa trouxe uma série de mudanças na dinâmica do expediente — e uma delas é o aumento das sonecas durante o horário de trabalho. Uma pesquisa feita pela fabricante de colchões Amerisleep com 1.002 profissionais em regime remoto ou híbrido revelou que 48% dos entrevistados tiram sonecas durante o expediente. A prática, embora pareça inusitada ou até indisciplinada à primeira vista, mostra nuances surpreendentes — inclusive entre cargos de liderança. Mais da metade dos gestores (53%) admitiu dormir no horário de trabalho, um percentual até maior do que entre os funcionários de níveis mais baixos (48%). O impacto no tempo e na produtividade Os cochilos não são exatamente rápidos: em média, cada colaborador passa 1,3 hora por semana dormindo durante o expediente, o que equivale a mais de 9 dias úteis por ano. A tendência é mais comum entre os mais jovens: 60% da Geração Z admitiu dormir durante o expediente, contra 51% dos millennials e 39% da geração X. As áreas com maior incidência de cochilos são: Marketing e finanças: 59% Hospitalidade/alimentação: 54% Educação: 53% Varejo e e-commerce: 51% Empresas estão aceitando a prática — com condições Ao contrário do que se poderia imaginar, muitos gestores não só aceitam como incentivam o descanso durante o dia, desde que os prazos sejam cumpridos. Segundo o levantamento: 36% das empresas incentivam ou toleram a prática 73% dos gestores são a favor das sonecas, desde que o desempenho não seja comprometido O problema não está no cochilo em si, mas na forma como ele é ocultado. Cerca de 58% dos trabalhadores que dormem durante o expediente escondem a prática de seus líderes, usando reuniões falsas ou outras estratégias para parecerem ocupados. E 10% já foram flagrados dormindo em horário de trabalho. Cochilar pode afetar o desempenho — ou a confiança Apesar da ideia popular de que uma soneca rápida pode aumentar o foco, os dados mostram o contrário. Os profissionais que dormem durante o expediente relataram menores níveis de foco, energia, motivação e produtividade em comparação com quem não dorme. Além disso, 25% dos que cochilam dizem ter dificuldade de retomar o ritmo após acordar. Quando descobertas, essas sonecas escondidas tendem a prejudicar a confiança entre líder e equipe, ainda que a prática não afete diretamente os resultados. Soneca como benefício? Pode aumentar a lealdade Mesmo com os possíveis contratempos, permitir cochilos no trabalho pode ter efeitos positivos na cultura organizacional. Segundo a pesquisa: 55% dos trabalhadores se sentiriam mais leais a empresas que permitem cochilos Muitos estariam dispostos a abrir mão de benefícios como happy hours, snacks e até dias de folga para poder dormir no expediente Conclusão: mais flexibilidade, menos tabu As sonecas no home office estão longe de ser exceção. Se bem administradas, podem até fortalecer a relação entre empresa e colaborador. O maior desafio, para os líderes, é conciliar essa flexibilidade com a manutenção da produtividade e da confiança mútua. A dica para gestores? Preste atenção nos olhos sonolentos e nos cabelos bagunçados nas reuniões do Zoom — mas só se os prazos começarem a atrasar.