Segundo o levantamento, apenas 10,8% dos entrevistados afirmaram que se sentem menos produtivos em regime remoto Uma pesquisa realizada pela consultoria Michael Page revelou que 48,6% dos profissionais brasileiros se consideram mais produtivos trabalhando de casa. O dado integra o estudo Guia Salarial – Tendências Candidatos e Empresas 2025, que analisou preferências e percepções de cerca de 6,8 mil profissionais e empresas em todo o país. Segundo o levantamento, apenas 10,8% dos entrevistados afirmaram que se sentem menos produtivos em regime remoto. Já 40,5% disseram que sua produtividade se mantém igual, independentemente do local de trabalho. A pesquisa também mostra que o modelo híbrido é o preferido por uma parcela significativa dos profissionais: 27% gostariam de trabalhar em casa dois dias por semana, superando até mesmo os adeptos do home office integral, com 24,3%. Flexibilidade como fator decisivo A crescente valorização da flexibilidade no ambiente corporativo reforça o apelo do modelo remoto ou híbrido. De acordo com Lucas Oggiam, diretor-executivo da Michael Page no Brasil, empresas que oferecem jornadas alternativas tendem a atrair e reter mais talentos, uma vez que esse fator tem peso semelhante ao da remuneração na decisão por uma nova vaga ou promoção. O estudo também revelou que 32,4% dos profissionais acreditam ter um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. No entanto, quase 19% discordam dessa afirmação, e outros 18,9% permanecem neutros. Apenas 16,2% afirmam, com total certeza, manter esse equilíbrio. Lideranças ainda resistem ao remoto Apesar da tendência crescente de adoção de modelos híbridos ou remotos, parte das lideranças empresariais ainda prioriza o trabalho presencial. Entre os 97 executivos ouvidos em uma pesquisa complementar da Michael Page, 35% afirmaram adotar o regime presencial, mesmo em áreas que não exigem a presença física, com base na defesa da cultura organizacional e da agilidade na tomada de decisões. Entre as razões citadas para manter o modelo presencial estão a dificuldade de supervisão remota, a percepção de que o autogerenciamento ainda é um desafio, e a crença de que a presença física fortalece o engajamento e o orgulho dos times. Há ainda casos em que decisões sobre o regime de trabalho são impostas por matrizes internacionais, limitando a autonomia das filiais brasileiras. O modelo híbrido ganha força O modelo híbrido tem sido adotado por 46% dos líderes ouvidos na pesquisa e é considerado uma solução eficiente por equilibrar flexibilidade e produtividade. Além de reduzir o estresse relacionado ao deslocamento, o regime híbrido tem se mostrado positivo para o bem-estar dos colaboradores e facilitado a atração de talentos de outras localidades. Líderes ouvidos pela pesquisa destacaram, contudo, que o sucesso do modelo híbrido depende de gestores bem preparados para liderar à distância e manter a equipe engajada. Comunicação eficaz e confiança mútua são apontadas como elementos essenciais para garantir resultados. Com o trabalho remoto consolidado como tendência, o desafio das organizações está em conciliar objetivos estratégicos com as novas demandas dos profissionais por autonomia e qualidade de vida.