78% das compras online vêm da palma da mão — e o mercado ainda não entendeu isso O Brasil consolidou o smartphone como seu principal instrumento de consumo digital. Segundo a 78ª edição da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box – Comércio Móvel no Brasil, 78% das compras online no país são realizadas por celular, transformando o aparelho em uma verdadeira vitrine portátil. O que antes era um facilitador agora é uma extensão da rotina de consumo: o brasileiro acorda, se informa, trabalha e compra pela tela. O carrinho do supermercado e o balcão do shopping migraram para o toque do dedo. O ato de comprar tornou-se instantâneo, emocional e invisível — acontece entre um story e uma notificação. Experiência mobile virou questão de sobrevivência A ascensão do comércio móvel exige uma revolução no design digital. No celular, cada segundo conta: um botão fora de lugar, uma página que demora a carregar ou um login confuso podem derrubar uma venda em instantes. A estética deixou de ser apenas visual e passou a ser estratégica — mistura de dados, psicologia e performance. Como afirma o presidente da ABRADi São Paulo, Lucas Garcia, 'o celular se tornou o principal ponto de contato entre marcas e consumidores. O problema é que muitas empresas ainda pensam com mentalidade de desktop. A experiência mobile não é detalhe técnico — é o coração da estratégia digital.' O celular democratizou o consumo — e trouxe novos riscos O avanço do e-commerce móvel também revela um retrato social do Brasil digital. Milhões de consumidores das classes C, D e E, antes fora do mercado online, agora compram pelo smartphone, impulsionando a inclusão econômica. Mas essa democratização traz vulnerabilidades. Segurança, privacidade e endividamento digital são desafios crescentes. O mesmo dispositivo que conecta e empodera, também expõe. O toque virou o novo impulso de compra Para o professor da ESPM e CEO da Ativaweb, Alek Maracajá, 'o brasileiro transformou o smartphone em extensão do corpo e do desejo. Hoje, o impulso de compra nasce no toque, não na vitrine.' Ele acrescenta: 'As marcas precisam entender que o algoritmo dita o fluxo do consumo, e dominar o ambiente mobile é dominar o mercado. Quem ainda pensa em desktop está preso em um passado que o consumidor já deslizou com o dedo.' O dado é um alerta: o futuro é mobile-first Mais do que uma estatística, o número de 78% representa uma mudança de paradigma. O varejo digital que ainda trata o celular como um canal secundário está perdendo espaço, dados e relevância. O smartphone é hoje o epicentro do consumo e da atenção. O poder de compra cabe na palma da mão — e quem não adaptar sua estratégia digital a essa nova realidade já está ficando para trás.