Um ex-funcionário da área de recursos humanos da Meta relatou ter retornado de uma licença parental de cinco meses e, pouco depois, sido demitido Em fevereiro deste ano, cerca de 3.600 funcionários da Meta — aproximadamente 5% do quadro global — foram demitidos como parte de um esforço liderado pelo CEO Mark Zuckerberg para 'elevar o nível de desempenho' dentro da companhia. A justificativa oficial foi o baixo rendimento desses profissionais, mas relatos de ex-funcionários colocam em xeque a transparência e os critérios adotados pela empresa. De acordo com relatos ouvidos pelo Business Insider, muitos dos desligados afirmam ter recebido avaliações positivas meses antes das demissões. Outros estavam em licenças médicas ou parentais, em processo de mudança de equipes ou sequer tinham recebido uma avaliação formal. Em comum, há o temor de que a classificação de “baixo desempenho” manche suas reputações profissionais e dificulte recolocações futuras. Avaliações positivas não impediram cortes Um ex-funcionário da área de recursos humanos da Meta relatou ter retornado de uma licença parental de cinco meses e, pouco depois, sido demitido. Embora sua avaliação intermediária o classificasse como 'Dentro ou Acima das Expectativas', o relatório final o rebaixou para 'Atende à Maioria', o que o tornou elegível para demissão. Ele afirma nunca ter tido acesso ao feedback escrito por seus gestores e diz ter sido informado de que a decisão fazia parte do “mandato de Mark”. 'É diferente ser demitido por uma reestruturação. Aqui, o que fica é o risco de ter sua reputação prejudicada por ser rotulado como um profissional abaixo da média', afirmou. Convite para retornar, dias após a demissão Outro caso envolveu uma engenheira sênior de aprendizado de máquina que, após ser demitida, recebeu um convite de um recrutador da própria Meta para se candidatar novamente à empresa — sem necessidade de entrevistas. O e-mail foi enviado pela mesma pessoa que havia se comunicado anteriormente, sem qualquer menção à recente demissão. 'Parecia surreal', disse ela. Ela havia sido contratada no início de 2024, recebeu uma avaliação intermediária positiva e, no final do ano, uma nota de 'Atende a Todas as Expectativas'. No entanto, após uma nova rodada de revisões feitas por diretores, seu desempenho foi rebaixado, o que ela acredita ter sido motivado por uma meta interna de cortes. Ela planejava se transferir para outra equipe, mas foi alertada de que isso poderia prejudicar sua avaliação — então optou por esperar. Dias depois, foi desligada. Apesar do convite de retorno, ela decidiu não aceitar. 'Eu vou ficar bem. Posso conseguir outro emprego ou criar minha própria oportunidade.' Meta reafirma critérios de desempenho Procurada pelo Business Insider, a Meta reiterou que os desligamentos foram baseados em desempenho. 'Vamos ser claros: essas foram demissões baseadas em performance. Ter tido um bom histórico de avaliações não significa que o funcionário continue atingindo os padrões exigidos', afirmou um porta-voz. A empresa reforçou que mantém uma cultura de metas e alta performance. Apesar da explicação oficial, os relatos levantam questionamentos sobre possíveis arbitrariedades e pressões internas para atingir metas de corte. Para os ex-funcionários, além do impacto financeiro, o principal prejuízo está na percepção do mercado sobre seus históricos profissionais.