Pesquisas mostram que a inteligência, aliada à abertura a novas experiências, pode ser um caminho direto para uma vida mais satisfatória A velha ideia de que “a ignorância é uma bênção” pode estar equivocada. De acordo com um estudo publicado no periódico Psychological Medicine, pessoas com níveis mais altos de inteligência tendem a relatar maior felicidade. A pesquisa analisou a relação entre quociente de inteligência (QI) e bem-estar subjetivo, apontando que a felicidade aumenta conforme sobe o nível de QI — especialmente entre aqueles com pontuações entre 120 e 129. O estudo revela que pessoas com QI mais baixo, entre 70 e 99, apresentam mais dificuldades socioeconômicas, menor renda, saúde frágil e maior dependência para atividades do dia a dia. Esses fatores acabam comprometendo a percepção de felicidade. A conclusão dos pesquisadores é clara: a inteligência pode contribuir diretamente para uma vida mais satisfatória. Abrir a mente é mais importante do que mudar a personalidade Embora não seja simples aumentar a inteligência, há um fator que pode ser decisivo nesse processo: a abertura a novas experiências. Segundo uma meta-análise publicada na PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), entre os cinco grandes traços da personalidade, a abertura é o único com correlação significativa com a inteligência. Esse traço envolve disposição para explorar ideias, informações e relacionamentos, além de tolerância à ambiguidade. Mais do que ser extrovertido ou controlado emocionalmente, ser aberto é estar disposto a aprender, ouvir e mudar de opinião — características que também estão associadas a líderes mais eficazes e empreendedores de sucesso. Mudar de ideia é sinal de inteligência — não de fraqueza Estudos publicados na Harvard Business Review apontam que pessoas dispostas a revisar suas crenças e adaptar suas posições tendem a obter melhores resultados. Em competições de pitch com startups, por exemplo, os empreendedores que mudaram suas estratégias durante a apresentação foram seis vezes mais bem-sucedidos que os inflexíveis. A ciência, portanto, confirma o que nomes como Jeff Bezos e Daniel Kahneman já defendiam: mudar de ideia não é sinal de fraqueza, mas sim de sabedoria. Segundo Kahneman, “ninguém gosta de estar errado, mas eu gosto de ter estado errado — porque isso significa que agora estou menos errado do que antes”. Um convite à curiosidade Ao contrário do que muitos pensam, ser mais inteligente e mais feliz não exige uma mudança radical de personalidade. Basta começar pela curiosidade. Abrir-se para novas perspectivas, aceitar que se pode estar errado e buscar ativamente o aprendizado são atitudes acessíveis — e transformadoras. Como mostram os estudos, sabedoria não está na certeza, mas na disposição de buscar o que é certo, mesmo que isso implique mudar de rumo.