Para dormir melhor e viver com mais energia, é preciso mais do que se preocupar com a quantidade de horas de sono — é preciso entrar no ritmo Olivia Walch, especialista em neurologia na Universidade de Michigan e CEO da startup Arcascope, lança luz sobre a importância dos ritmos circadianos no livro Sleep Groove: Why Your Body's Clock Is So Messed Up and What To Do About It. Unindo ciência, analogias criativas e experiências clínicas, ela apresenta cinco conceitos-chave para quem deseja dormir melhor e viver com mais saúde. 1. O ritmo importa mais que a duração do sono Dormir oito horas por noite pode parecer o ideal, mas se os horários de sono forem irregulares — um dia indo para cama às 22h, no outro às 2h — os benefícios à saúde se perdem. Estudos recentes mostram que a regularidade do sono é um preditor mais forte de mortalidade do que a duração. Ter horários estáveis envia sinais claros ao relógio biológico, o que melhora o metabolismo, a resposta imune e até a reparação do DNA. 2. O ritmo circadiano funciona como um balanço Assim como um empurrão em um balanço pode ajudar ou atrapalhar o movimento, a exposição à luz pode reforçar ou desorganizar seu relógio interno. Receber luz durante o dia é benéfico, mas luz durante a noite confunde o corpo. Exposição correta à luz e escuridão nos horários certos fortalece o ritmo natural e melhora o sono. 3. O relógio biológico se adapta — até certo ponto A analogia aqui é caminhar sobre um piso com azulejos coloridos e tentar manter o ritmo certo com os pés. Nosso corpo se adapta ao ambiente, mas sinais ambíguos — como horários inconsistentes de sono, refeições ou luz — dificultam essa adaptação. Isso ajuda a explicar por que o horário de verão, que altera bruscamente a luz do dia, é tão prejudicial. 4. O sistema de sono funciona como um galão de água Imagine que o sono depende do quanto você 'encheu o galão' (sono acumulado) e de uma inclinação que facilita esse escoamento (seu ritmo circadiano). Se você acorda no meio da noite e não consegue voltar a dormir, pode ser porque: Foi dormir antes do ritmo biológico permitir. Foi dormir depois e perdeu o 'pico' ideal do sono. Ou porque o impulso do relógio biológico foi fraco. A solução: busque consistência, com luz intensa durante o dia e escuridão à noite, por pelo menos duas semanas. 5. Saúde é ritmo — mesmo que lento Ritmos biológicos operam em escalas temporais que muitas vezes não percebemos, mas são fundamentais para o funcionamento do organismo. Assim como compressões cardíacas precisam de ritmo para reanimar uma pessoa, o sono precisa de entradas rítmicas (como luz, alimentação e atividade física) para se reorganizar. Melhorar o sono não se trata de um truque isolado, mas de adotar uma vida mais ritmada. Conclusão: para dormir melhor e viver com mais energia, é preciso mais do que se preocupar com a quantidade de horas de sono — é preciso entrar no ritmo.