Decisões certeiras não nascem do acaso — mas de saber exatamente quem está falando dentro de você Em reuniões estratégicas ou entrevistas de sucesso, é comum ouvir executivos afirmarem: “Fui com meu instinto.” A frase carrega um ar de ousadia e genialidade — quase como um selo 'Steve Jobs de aprovação'. Mas será que esse 'instinto' era mesmo intuição? Ou era medo disfarçado de prudência? Saber qual voz interna está guiando suas decisões pode ser a diferença entre liderar com sabedoria ou cair em armadilhas que poderiam ser evitadas. Instinto, intuição ou medo: como identificar cada um? Instinto é físico, imediato e ligado à sobrevivência. Funciona bem em situações de emergência, como uma crise reputacional ou uma negociação tensa. Foi o instinto, por exemplo, que guiou o piloto 'Sully' Sullenberger a pousar no Rio Hudson após falha nos motores — sem tempo para análise racional. Mas o instinto pode falhar quando vira impulso: demissões precipitadas, reações explosivas em reuniões ou decisões baseadas em gatilhos emocionais do passado. Intuição é mais sutil, calma e baseada em padrões que você reconhece inconscientemente ao longo da experiência. É eficaz em contextos de ambiguidade, como avaliar pessoas, perceber tendências e tomar decisões estratégicas quando os dados ainda não estão claros. Exemplo? Oprah Winfrey recusa projetos que 'não soam bem', mesmo que pareçam perfeitos no papel. O risco: confundir intuição com medo, preguiça analítica ou ego. Medo é barulhento, ansioso e avesso ao risco. Embora às vezes proteja contra decisões precipitadas, geralmente paralisa. Ele pode impedir saltos importantes e reduzir seu impacto como líder. Quando o medo domina, você não está sendo estratégico. Está apenas evitando. Faça o “gut check”: perguntas para clarear decisões Antes de seguir sua 'voz interior', pergunte-se: Estou agindo para me manter seguro, inteligente ou pequeno? Essa é uma reação rápida, uma percepção fundamentada ou uma resposta emocional? Dei tempo suficiente para avaliar o que estou sentindo? 7 passos práticos para calibrar sua bússola interna Observe suas reações físicasInstinto = choque; Intuição = centramento; Medo = tensão. Reconheça os padrões no seu corpo. Dê nome ao sentimento em tempo realPergunte-se: 'O que está dirigindo essa escolha — instinto, intuição ou medo?' Espere quando possívelSe não for emergência, aguarde 24h. A intuição precisa de espaço para se manifestar. Revise decisões passadasQue voz você seguiu? Qual foi o resultado? Use a voz certa na hora certaInstinto para emergências. Intuição para incertezas. Medo? Mantenha-o como ouvinte silencioso. Avalie a cultura da sua empresaSeu time reage demais? Existe espaço para insights ou tudo é baseado em aversão ao risco? Converse com alguém de confiançaUm mentor ou colega que saiba identificar quando você está racionalizando o medo. A coragem de liderar com intuição Vivemos em um mundo que idolatra lógica, velocidade e dados. Mas a verdadeira liderança exige algo além: discernimento interno. A intuição bem afinada é uma das ferramentas mais poderosas de quem lidera com sabedoria. Não permita que o medo, disfarçado de estratégia, silencie sua sabedoria interior. Sintonize. Confie. Deixe que ela conduza.