Como se preparar para uma carreira não-linear
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Executivo compartilha dicas sobre como lidar com os desafios de um mercado em constante transformação
A noção de uma carreira linear, com trajetória previsível do início ao fim, vem perdendo espaço diante das transformações do mercado. A automação, a digitalização e as mudanças nas relações de trabalho estão remodelando as profissões em ritmo acelerado. De acordo com a McKinsey, até 2030 cerca de 375 milhões de pessoas no mundo terão de mudar de ocupação ou desenvolver novas habilidades. Já o Fórum Econômico Mundial estima que, nos próximos cinco anos, 44% das competências exigidas dos trabalhadores passarão por alterações.
Para Guilherme Camargo, atual CEO da SX Group que foi de músico a executivo, existem caminhos práticos para quem deseja, ou precisa, construir uma carreira não-linear.
Confira as principais orientações do executivo:
1. Entenda o que te dá brilho nos olhos
O ponto de partida, segundo Camargo, é se reconectar com o que realmente faz sentido para você: seus valores, interesses e o que te dá energia no dia a dia. “Autoconhecimento é essencial para fazer escolhas mais alinhadas com quem você é e com o que deseja construir”, afirma.
2. Estruture-se em três pilares essenciais
Para lidar com as mudanças de rota, o executivo recomenda atenção a três bases fundamentais:
- Estudo: manter um aprendizado contínuo, prático e alinhado às exigências do mercado.
- Organização financeira: ter controle mínimo das finanças proporciona liberdade para tomar decisões com mais calma.
- Rotina e foco: manter uma estrutura no dia a dia ajuda a atravessar momentos de instabilidade com mais clareza.
Ele ainda destaca a importância de fortalecer a resiliência e contar com uma rede de apoio. “Estar cercado de pessoas que acreditam em você — amigos, familiares ou colegas — faz toda a diferença nas horas de dúvida ou dificuldade.”
3. Desenvolva habilidades humanas (e emocionais)
Se dominar ferramentas digitais, dados e inteligência artificial será fundamental, o que diferencia, de fato, são as chamadas soft skills. “Adaptabilidade, jogo de cintura, comunicação e capacidade de resolver problemas são indispensáveis. Mas, para mim, uma habilidade central é saber lidar com a ambiguidade”, pontua. “Nem sempre as respostas estão claras. Quem consegue agir mesmo sem todas as certezas sai na frente.”
Cuidar da saúde emocional também é, segundo Camargo, um diferencial competitivo cada vez mais valorizado.
4. Valorize sua trajetória, mesmo fora da curva
Mudar de carreira não significa apagar o que veio antes. Pelo contrário: toda experiência conta. “Você só precisa aprender a contar sua história com um novo olhar, mostrando o que aprendeu e como isso pode gerar valor em outra área”, explica.
Ele lembra que o processo exige coragem, foco e paciência. “Nem tudo vai acontecer rápido. Mas, se você mantiver o compromisso com o seu processo e continuar aprendendo, o mercado vai perceber.”
5. Troque experiências e veja o lado positivo da mudança
Conversar com pessoas que já passaram por processos semelhantes ajuda a enxergar o percurso com mais leveza. “Troca é fundamental”, diz Camargo.
Ele lembra que uma carreira não-linear pode parecer assustadora no início, mas traz ganhos valiosos: visão de mundo ampliada, repertório diverso e mais criatividade. “Você começa a conectar pontos diferentes e se torna mais preparado para lidar com imprevistos. Mudança deixa de ser exceção e vira parte do caminho.”
6. Busque conhecimento de forma contínua e flexível
Estudar hoje vai muito além da sala de aula tradicional. “É possível aprender o tempo todo, com podcasts, cursos rápidos, mentorias ou conversas com profissionais de outras áreas”, diz. O importante é manter a curiosidade ativa e não ter medo de revisar antigas certezas.
“A formação acadêmica segue importante, claro, mas precisa caminhar junto com a prática e com a abertura para o novo”, complementa.
7. Dica final: permita-se recomeçar
Para Guilherme Camargo, muitos profissionais ainda se prendem a uma identidade que já não faz mais sentido — e isso pode ser um obstáculo. “Mudar dá medo, sim, mas também traz liberdade”, resume.
O conselho do executivo é direto: “Mantenha o foco no que importa para você, cultive resiliência nos dias difíceis e, principalmente, não se isole. Ter gente por perto faz toda a diferença, seja para te apoiar, te ouvir ou até para abrir portas. Numa carreira não-linear, você não precisa e nem deve seguir sozinho.”
Sobre Guilherme Camargo, CEO da SX Group
Publicitário formado pela ESPM, Guilherme Camargo possui mais de 25 anos de experiência nas áreas de consumo e tecnologia. Durante 13 desses anos, ele atuou na Microsoft, onde foi gerente geral da divisão de games (Xbox e Games for Windows) de 2006 a 2012, sendo fundamental na iniciativa de trazer a produção local de consoles e jogos para o Brasil. Em 2012, Camargo tornou-se sócio e CEO da agência de tecnologia interativa Sioux, que em 2017 deu origem ao SX Group, uma venture builder com participações em negócios de marketing, tecnologia, games e diversidade. O SX Group é composto por seis empresas: Sioux, Go Gamers, Ludos Pro, Diversitera, Diáspora Black e Helppi. Além de sua atuação empresarial, Camargo é professor na pós-graduação da ESPM desde 2013 e coordena o curso de Game Business: Jogos como Negócios, bem como a Pesquisa Game Brasil.
