Com a nova rodada de demissões, a empresa acumula cerca de 20 mil cortes em um ano, o equivalente a 15% de sua força de trabalho global A montadora japonesa Nissan anunciou nesta segunda-feira (13) que cortará mais 11 mil postos de trabalho globalmente e encerrará as operações em sete fábricas, como parte de um amplo plano de reestruturação diante da queda nas vendas e de prejuízos significativos em seus principais mercados. Com a nova rodada de demissões, a empresa acumula cerca de 20 mil cortes em um ano, o equivalente a 15% de sua força de trabalho global. A montadora conta atualmente com 133,5 mil funcionários no mundo, sendo cerca de 6 mil deles na planta de Sunderland, no Reino Unido. Ainda não foi confirmado se essa unidade será afetada. Produção e vendas em queda Do total de cortes anunciados, dois terços ocorrerão no setor de manufatura e o restante será distribuído entre vendas, áreas administrativas, pesquisa e funcionários contratados. A informação foi confirmada pelo novo CEO da Nissan, Ivan Espinosa, que assumiu o comando da empresa após a saída de Makoto Uchida em fevereiro, na esteira do fracasso das negociações de fusão com a Honda e a Mitsubishi. O plano de união com as montadoras visava a criação de uma gigante avaliada em US$ 60 bilhões, capaz de enfrentar a crescente concorrência no setor automotivo, especialmente na China. Com o fim das tratativas, a Nissan enfrenta agora o desafio de reformular suas operações de forma independente. Resultados negativos e pressão internacional No ano fiscal encerrado em março, a Nissan registrou prejuízo de 670 bilhões de ienes (US$ 4,5 bilhões), pressionada por fatores como os altos custos operacionais, a concorrência de empresas chinesas e os impactos das tarifas comerciais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A empresa informou que não divulgará previsões de lucros para o próximo ano, citando a incerteza em torno de novas medidas tarifárias americanas. Ainda assim, espera manter os resultados estáveis, mesmo desconsiderando os possíveis impactos das tarifas. Mercado chinês em transformação Um dos principais desafios enfrentados pela Nissan é o mercado chinês, onde as vendas caíram 12% no último ano. O país asiático tornou-se o maior produtor mundial de veículos elétricos, e montadoras locais como a BYD vêm dominando o setor com produtos mais acessíveis e adaptados às demandas locais. Na tentativa de conter perdas, a Nissan anunciou na semana passada o cancelamento da construção de uma fábrica de baterias e veículos elétricos no Japão. O projeto fazia parte dos investimentos da companhia no setor de mobilidade elétrica, considerado essencial para a competitividade futura. Impacto global e próximos passos Nos Estados Unidos, as vendas da Nissan tiveram leve alta, mas a demanda por veículos novos foi afetada pela inflação e pelo aumento das taxas de juros. A Europa e o Japão também registraram retração. Em comunicado, Espinosa afirmou que o último ano fiscal foi 'desafiador' e classificou os resultados como um 'sinal de alerta' para a necessidade de mudanças profundas. A montadora afirmou que continuará revisando suas operações e estratégias globais para enfrentar um mercado mais competitivo e volátil.