A pausa de 90 dias, decretada na tarde de quarta-feira (10), foi recebida com alívio por setores estratégicos da economia, enquanto outros países e empresas continuaram sob pressão A suspensão temporária das tarifas anunciada pelo presidente Donald Trump gerou impactos imediatos e globais. A pausa de 90 dias, decretada na tarde de quarta-feira (10), foi recebida com alívio por setores estratégicos da economia, enquanto outros países e empresas continuaram sob pressão. Antes do anúncio, os mercados haviam registrado dias de queda acentuada. Com a suspensão, houve forte recuperação: o S&P 500 teve seu maior ganho diário desde 2008, com alta de 9%. O Dow Jones subiu quase 3 mil pontos e o Nasdaq avançou 12%. Setores favorecidos O setor de viagens foi um dos mais beneficiados. As ações da United Airlines subiram 26%, as da Delta Air Lines, 23%, e empresas de cruzeiros como Norwegian Cruise Line e Carnival Corp registraram ganhos de 19% e 18%, respectivamente. A Expedia também teve alta de 18%. Segundo Amir Eylon, CEO da Longwoods International, o alívio veio da redução nos custos de fornecedores e da expectativa de que o consumo no setor de turismo não sofra retrações. Outro segmento que se destacou foi o de semicondutores. Empresas como Intel e Nvidia viram suas ações saltarem 18%. Embora os chips não estivessem diretamente tarifados, componentes em que são incorporados estavam sob risco, o que gerava incerteza no setor. A Tesla também foi destaque, com valorização de 22% nas ações. Elon Musk, CEO da empresa, viu sua fortuna aumentar de US$ 290 bilhões para US$ 326 bilhões em um único dia, segundo o Bloomberg Billionaires Index. Musk havia se manifestado contra as tarifas e criticado o principal conselheiro comercial de Trump, Peter Navarro. Impactos negativos A China foi a maior prejudicada pela decisão. Enquanto a maioria dos países obteve um alívio nas tarifas, os produtos chineses passaram a ser taxados em 125%. O governo dos EUA justificou a medida como resposta às tarifas retaliatórias impostas por Pequim. Entre as empresas afetadas, está a Amazon. Apesar da alta de 12% nas ações, a exposição da varejista aos produtos chineses preocupa analistas. Estimativas do Morgan Stanley apontam que grande parte dos itens comercializados pela Amazon vem da China, o que pode aumentar seus custos. Efeitos ainda incertos A economista Meagan Martin-Schoenberger, da KPMG, afirmou que classificar os efeitos da medida em “ganhadores e perdedores” pode ser simplista. Apesar da pausa para a maioria dos países, a elevação tarifária sobre China, Canadá e México aumentou a taxa efetiva de tarifas, o que pode incentivar o uso de 'países conectores' para contornar as barreiras. Ela também alertou para os efeitos da incerteza. Segundo a especialista, setores com cadeias de suprimentos complexas, como automotivo e tecnologia, podem sofrer mais com a instabilidade do ambiente econômico. A longo prazo, ainda não está claro se as tarifas retornarão e quais os impactos estruturais sobre a economia global. No curto prazo, no entanto, os mercados celebraram a pausa como um respiro necessário em meio a semanas de tensão comercial.