Admitir incertezas pode ser uma das atitudes mais poderosas na criação de filhos — e a ciência confirma No podcast Michelle Obama: The Light Podcast (IMO), a ex-primeira-dama dos EUA e seu irmão, Craig Robinson, compartilham lembranças da infância e conversam com celebridades sobre família, carreira e educação. Em um episódio com a radialista Angie Martinez, os irmãos revelaram uma das frases mais marcantes de sua mãe: Eu não tenho certeza. A simplicidade da frase esconde uma lição poderosa — e amplamente respaldada por estudos em psicologia. A força de admitir limitações Ao relembrar a infância, Craig destacou: Mamãe dizia: É minha primeira vez sendo mãe, e não tenho certeza se estou fazendo certo. Michelle completou: Está tudo bem dizer que você tem medo ou que não sabe. Esse tipo de vulnerabilidade, segundo os dois, não os tornou inseguros — pelo contrário. Abriu espaço para questionamentos, autoconfiança e empatia. O que diz a ciência sobre isso? A psicóloga do desenvolvimento Maryam Abdullah, da Universidade de Berkeley, explica que esse comportamento transmite uma habilidade essencial: humildade intelectual. Segundo ela, pais que admitem não saber tudo ajudam seus filhos a: Desenvolver pensamento crítico Identificar desinformação Ser mais empáticos e curiosos Ter mais motivação para aprender Estudos também mostram que a humildade intelectual está ligada a relações interpessoais mais saudáveis e maior capacidade de diálogo com pessoas que pensam diferente. Ensine pelo exemplo A educadora Stephanie Simoes reforça: Crianças aprendem mais com o que os adultos fazem do que com o que dizem. Ao dizer não sei, pais mostram como um adulto racional lida com informações incompletas — e isso serve como um modelo de comportamento para os filhos. Na prática, isso significa pensar em voz alta, explorar soluções em conjunto e valorizar boas perguntas mais do que respostas prontas. Um gesto simples, um impacto duradouro Ao invés de tentar parecer perfeito, dizer não tenho certeza abre espaço para conversas mais honestas. E isso ensina às crianças que aprender é um processo contínuo — e que ninguém sabe tudo. É uma pequena mudança na fala, mas uma grande mudança na forma como as crianças enxergam o conhecimento, a si mesmas e os outros. Em tempos de excesso de certezas e escassez de escuta, talvez criar filhos mais empáticos e críticos comece com algo simples: aprender a dizer não sei.