Expectativa é que o real impacto das tarifas sobre os preços seja conhecido apenas no lançamento da próxima geração do iPhone A decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas de 145% sobre produtos importados da China pode provocar um forte aumento no preço de dispositivos eletrônicos nos Estados Unidos, especialmente dos iPhones, amplamente fabricados em território chinês. Especialistas apontam que, caso a Apple repasse os custos aos consumidores, o valor do novo iPhone 16 Pro Max pode saltar de US$ 1.199 para US$ 1.999, conforme estimativas do UBS. A medida faz parte de uma política comercial mais agressiva da Casa Branca, que também prevê tarifas adicionais sobre países da Europa e da Ásia. Embora os serviços de streaming e softwares não sejam diretamente afetados, a incerteza econômica gerada pelas tarifas tem impacto em toda a cadeia de consumo e produção. Efeito global e possíveis reações do mercado As tarifas, segundo analistas, não devem ter impacto apenas nos Estados Unidos. Se a valorização do dólar for comprometida, o aumento no custo de importação pode repercutir também em mercados como o Reino Unido. Por outro lado, alguns analistas acreditam que os produtos desviados dos EUA podem ser oferecidos a preços menores em países não atingidos pelas tarifas. Para contornar o impacto, a Apple intensificou sua produção na Índia e enviou mais de 600 toneladas de iPhones ao mercado norte-americano, aproveitando uma pausa temporária de 90 dias nas tarifas para produtos indianos. Mesmo assim, mudanças estruturais mais profundas, como a transferência da cadeia produtiva para os EUA, levariam anos e demandariam investimentos bilionários, segundo estimativas da Wedbush Securities. Preços mais altos, contratos mais longos Especialistas afirmam que os aumentos de preços podem forçar o consumidor a optar por contratos de longo prazo para diluir o custo dos aparelhos. Segundo Ben Wood, da CCS Insight, já se observam contratos de quatro anos e, em breve, podem surgir planos de até cinco anos — 'quase como um financiamento imobiliário para smartphones'. Apesar dos impactos, a Apple possui margem para absorver parte dos custos sem afetar de forma significativa seus lucros, pelo menos no curto prazo. Ainda assim, a marca pode optar por repassar parte dos encargos aos consumidores, contando com sua forte fidelidade de público. Respostas dos consumidores e alternativas no mercado Diante da perspectiva de alta nos preços, consumidores norte-americanos têm antecipado compras de iPhones, iPads e MacBooks. Muitos temem não conseguir arcar com os novos valores futuramente. Segundo dados da CCS Insight, o mercado de aparelhos usados deverá crescer, representando cerca de 30% das vendas no Reino Unido em 2025. Com rivais como Samsung e Google oferecendo dispositivos com funcionalidades semelhantes a preços menores, outra alternativa pode ser a escolha de modelos anteriores da própria Apple, considerados mais acessíveis. A expectativa é que o real impacto das tarifas sobre os preços seja conhecido apenas no lançamento da próxima geração do iPhone, previsto para o segundo semestre. Até lá, os consumidores seguem atentos às movimentações da empresa e ao desenrolar das negociações comerciais.