Medida faz parte de um plano de reestruturação voltado à redução de custos, em resposta ao prejuízo de £66 milhões registrado no último ano fiscal A tradicional grife britânica Burberry anunciou nesta quarta-feira (15) que poderá cortar cerca de 1.700 postos de trabalho em todo o mundo até 2027. A medida faz parte de um plano de reestruturação voltado à redução de custos, em resposta ao prejuízo de £66 milhões registrado no último ano fiscal. O corte equivale a cerca de 20% da força de trabalho global da empresa e pode impactar unidades no Reino Unido, incluindo a fábrica de Castleford, em West Yorkshire, onde são produzidos os icônicos trench coats da marca. Redução de turnos e foco no Reino Unido De acordo com o CEO Joshua Schulman, que assumiu o comando da empresa em julho do ano passado, a maior parte das demissões deverá ocorrer nas equipes administrativas, principalmente no Reino Unido, onde se concentra a maioria dos funcionários da grife. Schulman também confirmou que os turnos noturnos na fábrica de Castleford serão eliminados, devido à ociosidade da planta. 'Estamos fazendo essa mudança para preservar a manufatura no Reino Unido', afirmou o executivo, destacando que a empresa planeja um investimento significativo na renovação da unidade industrial na segunda metade do ano. Nova estratégia e mais cortes de custos Além das demissões, a Burberry anunciou a realocação de escalas de trabalho em suas lojas, com o objetivo de alinhá-las aos horários de maior movimento. Isso também deve gerar cortes de pessoal. A empresa espera obter economias adicionais por meio de redução de despesas operacionais, como gastos com imóveis e contratos de fornecimento. O plano soma-se a um programa anterior de economia de £40 milhões, anunciado em novembro passado, elevando a meta de economia anual para £100 milhões até a primavera de 2027. Retorno às origens e desafios no mercado de luxo Com mais de 165 anos de história, a Burberry busca agora retomar sua identidade clássica, com foco nas categorias em que possui maior autenticidade, como casacos e lenços de lã. Schulman afirmou que, embora o cenário macroeconômico continue desafiador, está otimista com o futuro da empresa. Analistas do mercado veem a mudança como uma guinada necessária. Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, classificou os cortes como 'passos radicais' dentro do esforço de recuperação. Para ele, a tentativa da gestão anterior de reposicionar a marca em um patamar mais luxuoso não funcionou, e a volta às origens faz sentido no contexto atual. Contexto de desaceleração global A Burberry vem enfrentando queda nas vendas em mercados-chave, como China e Américas, reflexo da retração global no consumo de bens de luxo. A crise no setor levou à saída do ex-CEO Jonathan Akeroyd, substituído por Schulman com a missão de reposicionar a marca de forma mais alinhada com seus consumidores tradicionais. Com o plano de reestruturação em curso, a Burberry tenta manter sua relevância num segmento cada vez mais competitivo, equilibrando tradição, eficiência e inovação.